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Estresse na infância pode aumentar risco de doenças cardiometabólicas

Os jovens adultos que apresentavam maior estresse na adolescência têm maior probabilidade de sofrer de hipertensão arterial, obesidade e outros fatores de risco cardiometabólico na idade adulta

O estresse foi medido com uma Escala de Estresse Percebido de 4 itens -  (crédito: Reprodução Unsplash)
O estresse foi medido com uma Escala de Estresse Percebido de 4 itens - (crédito: Reprodução Unsplash)
postado em 18/01/2024 14:24

Uma pesquisa notou que altos níveis de estresse durante a infância e adolescência podem contribuir para uma pior saúde cardiometabólica, incluindo a obesidade em jovens adultos. A pesquisa foi publicada no Journal of the American Heart Association, uma revista cientifica da Associação Americana do Coração.

Para o estudo, os pesquisadores analisaram dados de 276 pessoas de comunidades do sul da Califórnia que participaram do Estudo de Saúde Infantil do Sul da Califórnia. Os participantes se inscreveram no estudo quando crianças em 2003, juntamente com seus pais, e depois participaram de avaliações de acompanhamento como adolescentes - idade média de 13 anos - em 2014 e como jovens adultos - idade média de 24 anos entre 2018 a 2021. 

Os pesquisadores investigaram o estresse percebido e relatado pelos pais dos participantes durante a infância, depois, pelos próprios participantes, na adolescência, e novamente na idade de jovens adultos.

Em cada estágio, o estresse foi medido com uma Escala de Estresse Percebido de quatro itens, um questionário sobre sentimentos e pensamentos durante o último mês. Assim, os participantes foram categorizados em quatro grupos baseados em risco: estresse consistentemente alto ao longo do tempo, estresse decrescente ao longo do tempo, estresse crescente ao longo do tempo e estresse consistentemente baixo ao longo do tempo.

Para avaliar o risco cardiometabólico na idade adulta jovem, os pesquisadores usaram medidas de espessura da íntima-média da artéria carótida (mede a espessura da artéria do pescoço), pressão arterial sistólica (número superior) e diastólica (número inferior), peso, porcentagem de gordura corporal e distribuição de gordura, e hemoglobina A1c.

Os pesquisadores notaram que a percepção de estresse, consistentemente alto, desde a adolescência até a idade adulta foi associada a um maior risco de doenças cardiometabólicas na idade adulta jovem. Isso porque esses os indivíduos tinham maior probabilidade de ter pior saúde vascular, pressão arterial sistólica e diastólica mais alta, maior gordura corporal total, mais gordura ao redor da barriga e maior risco de obesidade em comparação com aqueles que se sentiam menos estressados ao longo do tempo.

“Compreender os efeitos da perceção do stress desde a infância é importante para prevenir, atenuar ou gerir os fatores de risco cardiometabólico mais elevados nos jovens adultos", afirmou o autor do estudo, Fangqi Guo.

Os factores de risco cardiometabólico ocorrem frequentemente em conjunto e são uma causa importante de doença cardiovascular. Estes fatores incluem obesidade, diabetes tipo 2 ou pré-diabetes, colesterol elevado e a hipertensão arterial.

"Os nossos resultados sugerem que os padrões de estresse percebidos ao longo do tempo têm um efeito de longo alcance em várias medidas cardiometabólicas, incluindo a distribuição da gordura, a saúde vascular e a obesidade", afirmou Guo. "Isto pode realçar a importância da gestão do stress logo na adolescência como um comportamento protetor da saúde."

Com base nisso, os pesquisadores sugerem que a adoção de estratégias saudáveis de gestão do estresse no início da vida pode ajudar a prevenir doenças cardiometabólicas, desde doenças cardíacas a diabetes tipo 2.

De acordo com a Associação Americana do Coração, as doenças cardiometabólicas, incluindo doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2, eram as condições crônicas de saúde mais prevalentes e, coletivamente, representavam quase um quarto de todas as mortes nos Estados Unidos. Em 2023,a associação ligou as doenças cardiovasculares com as doenças renais, a diabetes tipo 2 e a obesidade, e sugeriu a redefinição do risco, da prevenção e da gestão cardiovasculares.

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