Biologia

Fósseis elucidam evolução dos mamíferos

Paleontólogos se concentraram no estudo do shuotheriids, animais do tamanho de camundongos com molares diferentes daqueles de qualquer mamífero vivo, que viveram entre 168 e 164 milhões de anos atrás, no que hoje é a Mongólia Interior

Reprodução: nova espécie Dianoconodon youngi reconstruída artisticamente, um exemplo de transformação   -  (crédito: Chuang Zhao/Divulgação )
Reprodução: nova espécie Dianoconodon youngi reconstruída artisticamente, um exemplo de transformação - (crédito: Chuang Zhao/Divulgação )
postado em 04/04/2024 06:00

Uma equipe internacional de paleontólogos liderada pelo Museu Americano de História Natural e pela Academia Chinesa de Ciências anunciou novos conjuntos de fósseis do período Jurássico que fornecem informações sobre a evolução inicial dos mamíferos. As descobertas, detalhadas em dois artigos da revista Nature, podem mudar a forma como os cientistas reconstroem os primeiros ramos da árvore-da-vida dessa classe de animais.

O primeiro artigo concentra-se nos shuotheriids, animais do tamanho de camundongos com molares diferentes daqueles de qualquer mamífero vivo, que viveram entre 168 e 164 milhões de anos atrás, no que hoje é a Mongólia Interior. A posição evolutiva desses seres tem sido fortemente debatida, mas o material estudado agora permitiu aos cientistas inseri-la em um novo gênero e nova espécie: Feredocodon chowi.

"Desde a década de 1980, o formato desconcertante dos dentes observado nos shuotheriídeos tem sido uma barreira aos nossos esforços para compreender a evolução inicial dos mamíferos", conta Jin Meng, curador da Divisão de Paleontologia do Museu Americano de História Natural e autor correspondente em ambos os artigos da Nature, juntamente com Fangyuan Mao, da Academia Chinesa de Ciências. "Esses novos espécimes nos permitiram resolver o problema de longa data."

Ouvido

O segundo estudo, também liderado por Meng e Mao, baseia-se nos crânios fósseis do Feredocodon chowi, bem como numa segunda nova espécie, chamada Dianoconodon youngi, que viveu entre 201 e 184 milhões de anos atrás. Os pesquisadores analisaram a estrutura do ouvido médio, que dá aos mamíferos modernos a audição mais aguçada da Terra.

Os cientistas sabem que, durante a evolução inicial dos mamíferos do grupo que inclui lagartos, crocodilianos e dinossauros, os ossos que formavam as articulações da mandíbula foram separados e tornaram-se associados à audição. Os espécimes recentemente descritos fornecem evidências fósseis convincentes desta transição em ação.

A transição partiu de um animal ancestral que tinha articulação de mandíbula dupla, característica com articulação de mamífero por fora e reptiliana por dentro. "Os cientistas têm tentado compreender como o ouvido médio dos mamíferos evoluiu desde a época de Darwin", disse Meng. "Embora as descobertas paleontológicas tenham ajudado a revelar o processo durante as últimas décadas, estes novos fósseis trazem à luz um elo perdido crítico e enriquecem a nossa compreensão da evolução gradual do ouvido médio dos mamíferos."

 


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