
Pesquisa publicada nesta semana mostra que pessoas que vivem próximo a oceanos com grande concentração de microplásticos estão mais propensas a desenvolver doenças cardiometabólicas. O estudo, publicado no jornal da Associação Americana do Coração, analisou as ocorrências em 152 condados costeiros dos Estados Unidos que ficam perto de águas poluídas pelas partículas.
Os resultados mostram que a população desses condados tiveram taxas significativamente mais altas de diabetes tipo 2, doença arterial coronariana e acidente vascular cerebral (AVC) em relação às regiões menos poluídas. “Poluição plástica não é apenas uma questão ambiental – pode também ser uma questão de saúde pública”, comenta o autor sênior do estudo e presidente da Sustain Health Solutions, Sarju Ganatra.
Embora o estudo se concentre na poluição no mar, o cientista alerta que os microplásticos estão por toda parte. “Na água potável, nos alimentos que consumimos, especialmente frutos do mar, e até mesmo no ar que respiramos”, reforça.
Essas partículas, que têm menos de 5 milímetros, derivam da decomposição do plástico e se espalham pelo ar e pela água, chegando até o organismo humano. “Portanto, embora tenhamos examinado dados de microplásticos coletados na água do oceano e o estado de saúde das pessoas que vivem em comunidades próximas, a poluição por microplásticos afeta a todos nós, independentemente de onde vivamos”, alerta o especialista.
A relação entre a poluição por microplásticos se manteve consistente mesmo após ajustes para idade, gênero, acesso a médicos e perfil socioeconômico, além de outros fatores ambientais como poluição sonora, do ar e proximidade de áreas verdes para lazer. A análise constatou ainda que o aumento das doenças foi maior nas zonas próximas ao Golfo do México e na costa do Atlântico em relação aos condados próximos ao Pacífico.
Embora as descobertas sejam um avanço nos estudos sobre os impactos dos microplásticos na saúde, o estudo apresenta algumas limitações, como a ausência de análises dos níveis de microplásticos nos moradores. O estudo deve servir como ponto inicial para outras pesquisas e orientar novas políticas públicas.