
Há 70.000 anos, os humanos já tinham um estilo próprio para preparar as carnes que seriam servidas nas refeições. Uns preferiam animais menores, outros, maiores. Arqueólogos, que analisaram carcaças do período paleolítico médio, de duas cavernas no norte de Israel, concluíram que os humanos pré-históricos tinham preferências específicas, inclusive na forma de abater e consumir. Eles analisaram fragmentos dos sítios arqueológicos de Amud, próximo ao Mar da Galileia, e Kebara,perto do Monte Carmelo — a 60m do nível do mar — que descobriram uma série de peculiaridades entre os humanos.
- Leia mais:
Molécula oculta pode ser o gatilho da aterosclerose
Inédito: astrônomos desvendam o nascimento de um sistema solar
Os arqueólogos analisaram 344 fragmentos de ossos de 77 animais recuperados de duas cavernas. Anaëlle Jallon, da Universidade Hebraica de Jerusalém, primeira autora da pesquisa publicada na Frontiers in Environmental Archaeology, coordenou a pesquisa em que foram analisados 249 fragmentos ósseos — de 70.000 a 50.000 anos —, da caverna Amud, e 95 fragmentos ósseos datados — de 60.000 a 50.000 anos —, de Kebara. No primeiro local, foi coletado material de 43 espécies, enquanto no segundo, 34. Ao todo, foram observadas 1.672 marcas de cortes diferentes — das quais, 936 em Amud, e 736 em Kebara.
Detalhes
Os cientistas descobriram que os pré-históricos da região da caverna de Amud preferiam animais de pequeno e médio porte, como gazelas da montanha, cabra selvagem, javali e gamos, que se parecem com os veados. Os neandertais deste sítio provavelmente transportavam o animal inteiro para o local. Os pré-históricos, que viviam na área de Kebara, gostavam mais de animais maiores, como os auroques, espécie de boi. Havia também diferença nas preferências das partes que seriam consumidas.
Os cientistas descobriram também que os neandertais da caverna de Amud costumava cozinhar ou assar a carne em elevadas temperaturas, pois os ossos apresentavam marcas de derretimento. Os de Kebara saboreavam os pratos — quase — crus, uma vez que as carcaças estavam em melhor estado. A dieta de ambos os grupos incluíam água, raízes, ervas e frutas.
No estudo, os pesquisadores ressaltam que as diferenças podem refletir alterações nos aspectos culturais, que mostram modos de vida e rotina bem distintos, envolvendo não só a alimentação, como a organização de tarefas e tradições transmitidas. Para os arqueólogos, os açougueiros ou chefs de Kebara eram "mais habilidosos" do que os de Amud. Outra possível explicação para as diferenças das marcas de corte entre os dois locais é que o abate de carne era feito em momentos distintos de decomposição. Em Amud, aparentemente, mas com menos frequência em Kebara.
Saiba Mais
Política
Brasil
Esportes