NATUREZA

O insubstituível papel dos ursos polares na cadeia alimentar do Ártico

Pesquisa sugere que restos de presas deixadas para trás pelos predadores ajuda a movimentar ecossistema no extremo gelado

Dois ursos polares de dois anos de idade brigam por restos de uma foca, acompanhados por gaivotas


 -  (crédito: Wayne Lynch / EurekAlert!)
Dois ursos polares de dois anos de idade brigam por restos de uma foca, acompanhados por gaivotas - (crédito: Wayne Lynch / EurekAlert!)

Um estudo realizado em parceria entre o jornal científico Oikos, a Universidade de Manitoba, no Canadá e a San Diego Zoo Wildlife Alliance, nos EUA, mostra que os ursos polares cumprem papel fundamental para o funcionamento da cadeia alimentar nos ecossistemas árticos. 

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De acordo com a pesquisa, publicada nesta terça-feira (28/10), que também contou com a participação da Environment and Climate Change Canada e a Universidade de Alberta, cerca de 7,6 milhões de quilogramas de restos de carcaças de presas, aproximadamente, são deixados para trás pelos ursos polares após as refeições todos os anos. O montante cria uma fonte alimentícia vital para uma ampla variedade de outras espécies do ecossistema, que se alimentam de restos.  

A pesquisa mostra que os ursos, localizados no topo da cadeia alimentar (ou seja, sem outros predadores acima), cumprem um elo crucial entre os ecossistemas marinho e terrestre. Quando, por exemplo, caçam focas e deixam restos após as refeições, os ursos transferem uma quantidade expressiva de energia do oceano para a superfície.

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Assim, outros animais podem consumir a foca, o que não seria possível caso precisassem caçá-las de dentro do mar. O estudo identificou, pelo menos, 11 espécies vertebradas que se beneficiam deste cenário. 

"Nossos achados quantificaram pela primeira vez o exato funcionamento do papel dos ursos polares como provedores de comida para outros animais situados em escalas inferiores da cadeia alimentar", afirmou Holly Gamblin, autora do estudo e doutoranda no Departamento de ciências biológicas na Universidade de Manitoba. 

"O que fica aparente através desta pesquisa é que não há outra espécie que se comporte da mesma forma que o urso polar. Eles não poderiam ser substituídos, pois puxam a presa da água, e deixam os restos dela para que outros possam se alimentar", completou.  

Eventos como o aumento do aquecimento global e a escalada da temperatura no planeta, que ainda resultam no aumento do nível do mar, têm afetado diretamente as populações de ursos polares. São espécies vulneráveis à extinção. Por isso, a pesquisa ainda mostra que um eventual declínio da presença do mamífero de grande porte nos habitats que habita seria danosa para todo o ecossistema. 

"Nossa pesquisa mostra a importância dos papíes dos ursos polares como provedores de todo um sistema", afirmou o Dr. Nicholas Pilfold, cientista na San Diego Zoo Wildlife Alliance. "O gelo serve como plataforma para que várias espécies possam acessar os restos de comida. Declínios no nível do mar reduzem esse acesso, e, consequentemente, a fonte de energia. Já identificamos que declínios em duas subpopulações de ursos já resultaram na perda de 300 toneladas de comida para animais que se alimentam de restos, todos os anos", acrescentou. 

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postado em 28/10/2025 22:08
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