
Por André Vasques e Guilherme Moraes* — O mercado de fusões e aquisições (M&A) no Brasil tem enfrentado oscilações, refletindo as dificuldades econômicas e estruturais do país. Apesar disso, 2024 trouxe sinais de recuperação, com um aumento no volume de transações. Segundo a consultoria Dealogic, até novembro, o setor movimentou R$ 225,7 bilhões (US$ 37 bilhões), registrando um crescimento de 34,4% em comparação ao ano anterior. Apesar desse avanço significativo, os números ainda estão abaixo dos recordes históricos, evidenciando que há espaço para evolução.
A recuperação foi impulsionada pelos setores de energia e infraestrutura, com destaque para projetos de energias renováveis e modernização de infraestrutura. Empresas dessas áreas atraíram investidores nacionais e internacionais, motivados pela busca por eficiência e sinergias, além de estratégias voltadas à consolidação de mercado.
Por outro lado, as altas taxas de juros e a ausência de ofertas públicas iniciais (IPOs) limitaram uma recuperação mais expressiva. O custo elevado do capital inibiu movimentos mais ousados, afetando inclusive os fundos de private equity, que desempenham um papel central nesse mercado. Ainda assim, setores com forte potencial de crescimento, como tecnologia e infraestrutura, continuaram atraindo negócios.
O ano de 2025 promete trazer tanto desafios quanto oportunidades. Especialistas apontam que uma possível redução nas taxas de juros pelo Banco Central poderá ser um divisor de águas, criando condições mais favoráveis para investimentos. Além disso, a estabilidade política e econômica deve ajudar a atrair mais capital para setores estratégicos como tecnologia, agronegócio e saúde, que se destacam pela constante inovação e pelo aumento da demanda.
A desvalorização do real torna os ativos brasileiros mais acessíveis e atrativos para investidores estrangeiros. Contudo, esses investidores mantêm uma abordagem cautelosa, exigindo análises detalhadas sobre riscos regulatórios e financeiros antes de fechar negócios. No setor de infraestrutura, a presença internacional tem sido notável, mesmo em um ambiente desafiador.
Embora o mercado não deva alcançar os níveis recordes de 2021 e 2022 em breve, há sinais de uma recuperação gradual. Apesar de ainda aguardarmos o fechamento dos dados, a projeção é de que a economia brasileira deverá crescer 3% em 2024 e desacelerar, em 2025, para 2,3%, indicando um ritmo moderado e tímido de expansão. Empresas que priorizam soluções sustentáveis e crescimento orgânico devem impulsionar novas transações. Com a redução das taxas de juros, o mercado de capitais também poderá ganhar relevância, estimulando emissões de dívidas e ações, o que aumentará o dinamismo do setor.
O mercado de M&A no Brasil em 2025 será marcado por desafios, mas também trará boas oportunidades. A combinação de um cenário macroeconômico mais favorável com a resiliência de setores estratégicos será determinante para o desempenho do setor. Investidores e empresas que compreenderem as tendências globais e as especificidades do mercado brasileiro estarão bem posicionados para aproveitar as oportunidades ao longo do ano.
*Sócios da Moraes Vasques Advogados