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Série resgata a história de hospital usado como "depósito" de indesejáveis sociais

Inspirada em relatos históricos, a produção desnuda os dramas dos internos de uma instituição psiquiátrica na década de 70. Série ficcional é exibida em 10 episódios

» Fernanda Gouveia*
postado em 26/06/2021 06:00
Colônia conta os dramas vividos dentro de um centro psiquiátrico  -  (crédito: Canal Brasil/Reprodução)
Colônia conta os dramas vividos dentro de um centro psiquiátrico - (crédito: Canal Brasil/Reprodução)

Colônia é a nova aposta do Canal Brasil e representa a primeira adaptação ficcional baseada em fatos reais que envolveram o Hospital Colônia de Barbacena, um centro psiquiátrico em Minas Gerais onde mais de 60 mil pessoas morreram vítimas de maus-tratos, eletrochoque, tortura e abandono. A série foi dirigida e criada por André Ristum, que produziu, com Rodrigo Castellar, e traz Fernanda Marques como a protagonista, além de nomes como Andréia Horta, Augusto Madeira, Bukassa Kabengele, Arlindo Lopes e Rejane Faria no elenco.

“Cerca de 80% dessas pessoas foram levadas para lá, sem ter nenhum problema psiquiátrico. Isso mexeu muito comigo e foi o motor que impulsionou a ideia de contar essa história”, conta André Ristum, em coletiva de imprensa. O criador se inspirou livremente no livro de Daniela Arbex Holocausto brasileiro, em que retrata os maus-tratos ocorridos naquele hospital, por meio de depoimentos de ex-funcionários e pessoas ligadas diretamente à rotina do local.

A série Colônia é dividida em 10 episódios e conta a história de Elisa (Fernanda Marques), uma jovem de 23 anos que chega ao Hospital Colônia em 1971. Ela está grávida de quatro meses de sua grande paixão juvenil e foi enviada para o local pelo pai, Júlio (Henrique Schafer), que fica enfurecido ao descobrir que a filha arruinara seus projetos de casá-la com um rico vizinho de fazendas. “Isso era uma coisa muito comum, eu vejo pela minha avó, que teve o casamento arranjado, e a história da Elisa é isso. Então, me despertou muito forte o desejo de poder contar a história dessas mulheres que existiram e ainda existem”, declara Fernanda Marques.

Incômodos

Elisa logo se depara com a loucura ali presente, mas rapidamente consegue descobrir que, assim como ela, muitas outras pessoas sem nenhum tipo de diagnóstico de doença mental estão internadas: o alcoólatra Raimundo (Bukassa Kabengele), a prostituta Valeska (Andréia Horta), o homossexual Gilberto (Arlindo Lopes) e dona Wanda (Rejane Faria), todos enviados para o hospício por serem considerados incômodos para a sociedade. Elisa se aproxima dessas pessoas e cria laços de amizade fundamentais para sobreviver, da maneira mais sã possível, a uma vida de abusos e violência diária.

A produção é inteiramente em preto e branco e foi gravada em locações entre Campinas e São Paulo. O hospício foi reconstituído em um edifício antigo no bairro do Ipiranga, na capital paulista. “Pensando na história, eu só via imagens em preto e branco, não conseguia enxergar esse lugar de outra maneira. Acho que por conta das referências de fotos e filmes da época, mas, de fato, por imaginar que a vida dessas pessoas não tinha nenhum brilho, era uma coisa muito monotemática”, explica André Ristum.

A série estreou ontem, no Canal Brasil, mas todos os 10 episódios estão disponíveis nos serviços de streaming Canais Globo e Globoplay, e o primeiro episódio estará disponível para não assinantes por sete dias.

*Estagiária sob a supervisão
de José Carlos Vieira

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