Covid-19

Morre o fotógrafo Januário Garcia, ícone do movimento negro

Ele estava internado no hospital São Lucas, em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. Januário também foi autor de fotos que ilustraram a capa de discos de grandes nomes da música brasileira

Naum Giló*
postado em 01/07/2021 17:18 / atualizado em 01/07/2021 17:18
 (crédito: Reprodução/Facebook)
(crédito: Reprodução/Facebook)

Morreu, aos 77 anos, na última quinta-feira (30/06), o fotógrafo Januário Garcia, figura importante do movimento negro nas últimas décadas. Ele estava internado no hospital São Lucas, em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, e foi vítima da covid-19.

Além de ter documentado em fotografias as reuniões do movimento negro nos anos 1970, ele também foi autor de fotos que ilustraram capas de discos de estrelas importantes da música brasileira durante aquela década e nos anos 1980, como Tom Jobim, Caetano Veloso, Chico Buarque, Belchior, Tom Jobim, Fafá de Belém, Leci Brandão, Raul Seixas e Edu Lobo.

Ao lado da filósofa Lélia Gonzales, da historiadora Maria Beatriz Nascimento e de outros intelectuais negros, fundou o Instituto de Pesquisa das Culturas Negras (IPCN), do qual foi presidente e que capitaneou diversos estudos e debates sobre o racismo no Brasil. Também esteve à frente da Rede Brasileira de Iconografia e Documentação de Matrizes Africanas no Brasil.

No fotojornalismo, atuou em jornais cariocas como O Globo, Jornal do Brasil, O Dia, A Tribuna, e revistas como Manchete, Fatos & Fotos e Revista da Unesco. Garcia também deixa o seu legado na literatura. Participou de livros como 25 anos do Movimento Negro, Diásporas Africanas na América do Sul e História dos quilombos do estado do Rio de Janeiro.

Lamento dos amigos

O jornalista e escritor brasiliense Walter Brito foi grande amigo de Januário Garcia quando também atuou no movimento negro entre os anos 1970 e 1980, no Rio de Janeiro. “Foi um dos maiores fotógrafos que o Brasil já teve”, define Brito, que também lembra da importância de Garcia no IPCN. “Sob a batuta de Januário, o instituto teve o papel importante de valorizar os homens e as mulheres negras, que geralmente eram retratadas como empregadas domésticas na televisão. A partir dali começamos a ver despontar grandes nomes de personalidades negras na imprensa e em produções culturais”, recorda.

No Twitter, a sambista e deputada estadual por São Paulo Leci Brandão também lamentou a morte do fotógrafo. “Com muita tristeza, recebemos a notícia da morte desse grande amigo, Januário Garcia, por COVID-19. Januário foi muito importante na minha vida, além de fazer quatro capas de LPs, também propunha os títulos dos discos e dava opiniões sobre o repertório.”, escreveu a cantora.

Ex-governadora do Rio de Janeiro e deputada federal, Benedita da Silva também usou as redes sociais para homenagear Januário. “O dia começa cheio de tristeza com a partida precoce do querido Januário Garcia, por causa da covid. Fotógrafo e professor, foi parte da formulação e ativismo de todas as lutas recentes do Movimento Negro. Que Deus conforte o coração da família e amigos.”, diz a publicação da parlamentar.

 

*Estagiário sob supervisão de Nahima Maciel

 

 

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