FOMENTO

Artistas do DF tentam ter acesso ao Fundo de Apoio à Cultura pela primeira vez

Num momento em que o setor cultural sofre com a pandemia e o desestímulo nacional de políticas públicas, o 'Correio' conversou com artistas brasilienses que participam pela primeira vez do edital FAC Brasília Multicultural que ampliou as categorias de acesso

Prisley Zuse*
postado em 20/07/2021 06:00
Artistas brasilienses concorrem pela primeira vez ao segmento que pretende aumentar a quantidade de propostas ao FAC -  (crédito: Rafael Paraguassú/Divulgação)
Artistas brasilienses concorrem pela primeira vez ao segmento que pretende aumentar a quantidade de propostas ao FAC - (crédito: Rafael Paraguassú/Divulgação)

Este ano, o FAC Brasília Multicultural, edital do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), trouxe modificações importantes para a cena cultural do Distrito Federal, como prometido pelo então Secretário de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec), Bartolomeu Rodrigues. O edital vai investir, ao todo, R$ 53,64 milhões, valor nunca alcançado anteriormente em um único edital, o que possibilita um fomento em ao menos 802 projetos, divididos em cinco categorias voltadas para 22 linguagens artísticas. Pela primeira vez, o edital contemplou artistas que nunca tinham acesso ao recurso do FAC a partir de uma categoria especial: Meu primeiro FAC. As inscrições foram finalizadas em 23 de junho.

Os agentes culturais puderam concorrer em cinco categorias do edital FAC Brasília Multicultural, sendo elas Cultura em todo canto, Cultura em todos os espaços, Cultura de todo tipo, Cultura de todo jeito e Meu primeiro FAC.

“Esse talvez seja o instrumento mais denso de fomento à Cultura do Brasil. O que está fazendo é abrindo espaço, pegando na mão de quem nunca entrou na roda em diversas linguagens artísticas e culturais. Quem estava há tempos excluído vai sentir a diferença. As mudanças poderão ser percebidas no curto prazo e vieram para ficar”, declarou o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues.

A mais nova categoria, Meu primeiro FAC, nasceu com a finalidade de aumentar a quantidade de propostas culturais aprovadas para quem nunca teve acesso a esse importante fomento da Secretaria. Para auxiliar os inscritos, Secec fez uma campanha de adesão ao Cadastro de Entes e Agentes Culturais (CEAC) e obteve 34% de crescimento. O registro no CEAC é uma autorização para que as pessoas físicas e jurídicas apresentem uma proposta para concorrer ao Fundo de Apoio à Cultura (FAC). Com isso, das 3.322 propostas inscritas para todas as cinco categorias do FAC, 721 foram para o Meu primeiro FAC, representando 22%, em que apenas 95 projetos serão contemplados pelo fomento de R$ 5 milhões voltado para o segmento.

Além da categoria especial, os novos agentes culturais tiveram reserva de vaga nas demais categorias previstas no edital, alcançando 256 projetos, aproximadamente um terço do total de 802 projetos. Segundo o subsecretário de Fomento e Incentivo à Cultura, João Moro, neste tipo de iniciativa, a pasta cumpre o objetivo da democratização do FAC, incrementando consideravelmente o número de produtores que poderão acessar o fundo.

O gestor destacou o caráter inovador do edital, que vai impactar as periferias do Distrito Federal. “Nossa proposta é atingir esses agentes que têm ficado à margem do FAC”, finalizou o subsecretário, João Moro.

Sons de Brasília: chorando pelas ruas
• Criado pela cineasta Ana Rebeca Melo Guimarães, o projeto ‘Sons de Brasília: chorando pelas ruas’, tem o objetivo de documentar e fomentar a criação e a produção da música instrumental do DF, em especial, o Choro, por meio de programas quinzenais publicados redes sociais do Estação do Choro e dos músicos convidados, sendo intercalados com as oficinas propostas, de forma 100% on-line.“O projeto é uma forma de comemorar e reverenciar o Choro, este gênero musical tão importante na formação histórica e cultural do povo brasileiro, sobretudo na capital federal, evidenciando a força e a presença do choro na cidade”, completou Ana Rebeca.Os programas inéditos são voltados para pessoas que tenham interesse e pesquisem sobre música popular brasileira, samba, choro e ritmos tradicionais. Já as oficinas serão destinadas aos estudantes e artistas de todas as idades interessados em aprimorar os conhecimentos dentro do mercado criativo.

Patuscada
• O projeto ‘Patuscada’, criado pela pedagoga e arte-educadora Thais Antonoff em parceria com seu colega de profissão Mario Jorge Jaymowich surgiu com a ideia de proporcionar uma verdadeira folia artística infantil, segundo Thais.O projeto tem o objetivo de trabalhar com a primeira infância. A ideia é criar um canal cênico e musical para o YouTube com programação voltada para brincadeiras musicais, contação de histórias e atividades lúdicas e educativas para a primeira infância, utilizando diversas linguagens da arte, da música, teatro, dança e outras manifestações culturais que contribuam para o desenvolvimento infantil.“Acreditamos que a infância é um lugar riquíssimo de desenvolvimento, curiosidades, descobertas, fantasias, criações, entre outros. Além disso, nossa ideia é trabalhar com conteúdos autorais para valorização do nosso patrimônio artístico local”, completou Thais.

A encantadora de sons
• O projeto ‘A encantadora de sons’, desenvolvido em 2020 pela pedagoga e musicista Sara do Vale, do Centro de Vivências Lúdicas- Oficinas Pedagógicas, da Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação (EAPE), é voltado para a literatura infantil e a música.A proposta do projeto é escrever, editar e publicar um livro interativo para crianças, de 0 a 12 anos de idade, que proporcione experiência, também sonora, para além do visual, onde possam ouvir as músicas e as sonoridades propostas na história. “Minha principal inspiração é, sem dúvidas, saber das potencialidades da música para a formação integral do ser humano e principalmente do seu poder transformador, sobretudo quando oportunizada às crianças”, destacou Sara.A pedagoga comentou que a nova categoria foi o principal motivo para ter enviado o projeto. “O Meu primeiro FAC se apresentou a artistas como eu, como uma grande luz. Uma renovação de possibilidades. Uma renovação de visibilidades para seus projetos”, concluiu.

Zolet instrumental e Estação do Choro
• O músico, compositor, instrumentista e pesquisador, Rodrigo Zolet Pereira, enviou dois projetos para concorrer ao edital, ambos ligados à música instrumental brasileira. Voltado para o público de todas as idades, o objetivo é gravar e divulgar o trabalho autoral de música instrumental brasileira para as plataformas digitais, redes sociais, projetos sociais e escolas no DF, além da participação em festivais com o material produzido. “É o meu primeiro projeto que apresento com ideias próprias, arranjos e composições minhas e de outros grandes amigos da cidade”, acrescentou.O primeiro projeto, ‘Zolet instrumental’, propõe uma fusão de gêneros e ritmos brasileiros, e alguns internacionais, como o jazz, com participação dos músicos André Luiz, Matheus Donato, Chico Oswald, Caio Fonseca, Vinícius Vianna, Vítor Adonai, Rudá Lobão e Gabriel Vilela. Já o segundo, ‘Estação do Choro e Rodrigo Zolet’, contempla o choro, o frevo, e o baião com composições autorais e dos demais integrantes do grupo, sendo eles: Nelsinho Serra, Vinícius Vianna, Matheus Donato, Gabriel Carneiro e Juçara Dantas.

*Estagiária sob a supervisão de Juliana Oliveira

 

 

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  • Rodrigo Zolet Pereira/Divulgação
    Rodrigo Zolet Pereira/Divulgação Foto: Vinicius Damasceno/Divulgação
  • Rodrigo Zolet Pereira/Divulgação
    Rodrigo Zolet Pereira/Divulgação Foto: Thais Antonoff/Divulgação
  • Rodrigo Zolet Pereira/Divulgação
    Rodrigo Zolet Pereira/Divulgação Foto: Rodrigo Zolet Pereira/Divulgação
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