Criminalidade

O 'predador sexual' R. Kelly seduziu meninas por décadas, dizem os promotores

De acordo com promotores em um tribunal de Nova York, o cantor R. Kelly é um "predador" que usou da fama para atrair menores

Correio Braziliense
postado em 18/08/2021 19:29 / atualizado em 20/08/2021 17:19
 (crédito: Reprodução/Instagram)
(crédito: Reprodução/Instagram)

R. Kelly é um "predador" que usou sua fama para atrair menores para fins sexuais, disseram os promotores em um tribunal de Nova York, dando início ao esperado julgamento do astro do R&B começou nesta quarta-feira (18/8).

O artista vencedor de três prêmios Grammy, vestindo um terno cinza, gravata roxa e óculos, sentou-se em silêncio, de cabeça baixa em alguns momentos, enquanto a promotoria abria seu caso detalhando um padrão de abuso violento.

A procuradora federal adjunta María Cruz Meléndez descreveu Kelly como "um homem que por décadas usou sua fama, sua popularidade e uma rede de pessoas à sua desposição para recrutar, preparar e explorar meninas, meninos e mulheres jovens para sua própria satisfação sexual".

Kelly, de 54 anos, é acusado de associação criminosa, exploração sexual de menor, sequestro, suborno e trabalho forçado.

O músico nega as acusações, que vão de 1994 a 2018, mas pode pegar entre 10 anos e prisão perpétua se for condenado por todas elas.

O julgamento, que deve durar um mês, finalmente começou em um tribunal federal dos Estados Unidos no Brooklyn, após um atraso de mais de um ano causado pela pandemia.

Em sua declaração de abertura, a promotora Meléndez disse que o status de celebridade de Kelly significava que ele "tinha fãs jovens à sua disposição" e que guardava suas vítimas "como objetos".

Afirmou que ele usava "todos os truques do manual do predador", cercando as menores, cuidando delas e de suas famílias com a promessa de que poderia ajudá-las em suas carreiras e depois abusava sexualmente delas.

Meléndez acrescentou que o cantor usou seguranças, motoristas, advogados e contadores para encobrir os crimes.

Ele subornava suas vítimas as fotografando e filmando enquanto faziam sexo com ele e ameaçando lançar as gravações. Kelly "impôs punições cruéis e degradantes" àquelas que não cumpriram suas exigências, incluindo "chicotadas e espancamentos violentos", acrescentou a promotora.

Por décadas, Robert Sylvester Kelly, seu nome verdadeiro, enfrentou acusações incluindo pornografia infantil, sexo com menores, exploração de um culto sexual e agressão sexual.

Mas, apesar da grande quantidade de denúncias perturbadoras e de vários acordos extrajudiciais, o cantor conhecido por sucessos como I believe I can fly, Bump 'n grind e Inition (Remix) mantém um exército de fãs leais e continuou em turnê ao redor do mundo.

Sua força começou a desmoronar em janeiro de 2019, porém, após o lançamento da explosiva série Surviving R. Kelly, que revisitou a história do astro do R&B.

O julgamento de Nova York é o primeiro a colocar Kelly para depor sobre a série de acusações, que incluem denuncias de crimes sexuais em Chicago.

"Agora, finalmente, depois de quase duas décadas, as pessoas estão se manifestando e eu sou humildemente grata por isso", disse Jonjelyn Savage, mãe de Joycelyn Savage, uma ex-namorada de Kelly que afirma ter sido abusada por ele.

De acordo com a acusação, Kelly operava uma rede criminosa que recrutava e preparava sistematicamente mulheres jovens para fazer sexo com ele.


Ele supostamente as trancava em quartos de hotel quando estava em turnê e as instruías a usar roupas largas quando não estivessem com ele, "para manter a cabeça baixa". Elas também deviam que chamar o cantor de "papai".


Muitas das "recrutadas" tinham menos de 18 anos, dizem os promotores, entre outras alegações perturbadoras de que a "empresa" de Kelly facilitava o sexo sem revelar uma infecção sexualmente transmissível que o cantor havia contraído.


A acusação também diz que parte do trabalho da rede era isolar meninas e mulheres jovens e torná-las "dependentes de Kelly para seu bem-estar financeiro".


O caso da promotoria se concentra em seis mulheres não identificadas, incluindo a cantora Aaliyah, que morreu em um acidente de avião aos 22 anos, em 2001.


A advogada Nicole Blank Becker disse, ao abrir a defesa, que as vítimas eram groupies que consentiram com o sexo até se sentirem ofendidas, tornaram-se "rancorosas" e mudaram sua história.


"Ele não os recrutou. Elas eram fãs, elas procuraram o Sr. Kelly", afirmou, acrescentando que alguns dos relacionamentos foram "bonitos" e "duradouros".


Um júri de sete homens e cinco mulheres decidirá o destino de Kelly.


© Agence France-Presse

 

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