MÚSICA

Sambista Diogo Nogueira é atração deste sábado no projeto Open Air Vibrar

Com repertório de clássicos e de canções inéditas, artista vem a Brasília com o show Samba de Verão, nome também do seu mais recente projeto audiovisual

Irlam Rocha Lima
postado em 18/09/2021 06:00
Diogo Nogueira apresenta em Brasília o show Samba do Verão, que abre turnê nacional -  (crédito: Guto Costa/Divulgação)
Diogo Nogueira apresenta em Brasília o show Samba do Verão, que abre turnê nacional - (crédito: Guto Costa/Divulgação)

Diogo Nogueira tem relação artística com Brasília desde o início da carreira, quando, pouco conhecido, se apresentou no extinto Feitiço Mineiro. Depois, já com sucesso, fez shows na AABB e em outros locais da capital, assistido sempre por expressivas plateias. Ausente da cidade há mais de dois anos — em parte por conta da pandemia — o cantor e compositor carioca retorna hoje, às 21h, como atração do projeto Open Air Vibrar, na área externa do Ginásio Nilson Nelson.

O show que o sambista traz para o brasiliense é Samba de Verão, nome também do seu mais recente projeto audiovisual, gravado no final de 2020, numa balsa, onde foi instalado um palco de 500 metros quadrados, na Baia de Guanabara, com vista para o Rio de Janeiro. Especificamente, são três álbuns, intitulados Sol, Céu e Lua, que vêm sendo lançados nas plataformas digitais, cujo repertório reúne sucessos da obra de Diogo e músicas inéditas, compostas por ele e parceiros.

Além de cantar os hits Pé na areia e Bota pra tocar Tim Maia e de outras faixas do Samba de Verão, Diogo vai homenagear Beth Carvalho, com Andança, e o pai, João Nogueira, que, assim como, ele era torcedor do Flamengo, interpretando Samba rubronegro, de Wilson Batista, composto em 1955, quando o clube conquistou o título de tricampeão carioca. O cantor terá a companhia em cena de uma banda liderada pelo violonista brasiliense Rafael dos Anjos, responsável também pela direção musical.

No período da quarentena, Diogo Nogueira ocupou o tempo fazendo várias lives, que tiveram um diferencial. Enquanto cantava sucessos autorais e de compositores pelos quais tem admiração, mostrou talento, igualmente como chefe de cozinha, ao preparar pratos de sua preferência. A habilidade culinária o levou a escrever um livro digital com as receitas, que foi indicado para prêmio internacional. O artista participou, ainda, do Master chef, programa da TV Bandeirantes, como convidado de honra.

Samba do Verão Diogo Nogueira
Show do sambista hoje, às 21h, pelo projeto Open Air Vibrar, na área externa do Ginásio Nilson Nelson, no Eixo Monumental. Ingressos: De R$ 108 a 250, à venda pelo Sympla.

Entrevista / Diogo Nogueira

A pandemia, pelo visto, não chegou a ser empecilho para você, que ocupou a longa quarentena com muitas atividades. De onde vem tanta disposição?
Sou inquieto e estou sempre pensando em música e projetos especiais. É o que me motiva na vida, é o que me faz bem. Gosto de pensar nos projetos e também realizar. Quando está pronto, já parto para o próximo.

Adaptou-se bem às lives?
Sim, me adaptei bem. No começo achei estranho, resisti um pouco. Mas, depois da primeira live, tomei gosto, ainda mais juntando música com culinária, que também é uma das minhas paixões. Acho que tudo ficou mais fácil pela minha experiência de apresentador do programa Samba na Gamboa, que fiz durante muitos anos na TV Brasil, e onde recebi muitos convidados bacanas. Daí, já estava familiarizado com câmaras, iluminação, produção e isso foi fundamental para que eu me sentisse à vontade fazendo as lives ao vivo.

Como fez para viabilizar Samba de Verão, um projeto bem-sucedido?
No meio da pandemia, conseguimos gravar e lançar o projeto audiovisual Samba de Verão não com um, mas três álbuns, Sol, Céu e Lua, gravados no mesmo dia. Não foi fácil, foi muito desafiador, mas o resultado ficou incrível.
As lives nos trouxeram muitos patrocínios e eles foram fundamentais para nos ajudarem nesse projeto. Gravamos sem público, num palco de 500 m2, montado numa balsa no mar da Baía de Guanabara, em Niterói, com a vista do Rio de Janeiro e a silhueta das montanhas da cidade ao fundo. Imagina a produção de tudo isso. E ainda tivemos a participação de Zeca Pagodinho, do grupo Fundo de Quintal (foi o último registro do mestre Ubirany) e de partideiros da nova geração. Gravamos tudo em um único dia e com uma big band formada por 15 músicos. Foi desafiante, mas valeu.

As músicas inéditas, incluídas no repertório, foram compostas quando?
Sempre fazemos pesquisas de repertório e mantemos um baú com músicas que tem potencial para serem gravadas nos meus projetos. Mas, no caso do Samba de Verão, quase todas foram feitas no meio da pandemia, alguns meses antes da gravação. A turma estava inspirada e há músicas que tenho orgulho de ter composto com grandes compositores, como Moacyr Luz, com a música Cadê?, e com minha querida e talentosa tia Gisa Nogueira, irmã do meu pai, e que fez comigo Ele não.

Bota pra tocar Tim Maia se transformou em hit instantâneo. Já esperava que isso acontecesse?
Sim, foi incrível. A música bateu de cara, e mesmo nos ensaios a gente já percebia o potência dela. Quando fizemos a música, eu, Rodrigo Leite, Cauique, Marcio Alexandre e Marcelinho Moreira, sentimos que tinha uma pegada boa, com letra e refrão que marcava, ficava no ouvido, além de homenagear o grande mestre Tim Maia. E a música atingiu mais de 1 milhão de views em menos de um mês de lançamento — um golaço!

Rolou muita emoção ao homenagear João Nogueira e Beth Carvalho com Espelho e Andança?
Sim, muita emoção. Quis relembrar uma época em que Beth Carvalho frequentava o Cacique de Ramos, onde tinha Zeca, o Fundo de Quintal e também a nova geração do samba.

Que resposta obteve da trilogia visual Sol, Céu e Lua?
A melhor possível. Temos um time muito forte de criação e marketing e idealizamos um projeto que pudesse ter três etapas, pois o Samba de Verão seria gravado de dia, fim do dia, e de noite. Daí, pintou a ideia de três álbuns, lançados em três momentos diferentes. Cada álbum tem uma característica, convidados especiais e depois de terem sido lançados separadamente, hoje estão também juntos nas plataformas digitais, com o nome Samba de Verão.

Há muita expectativa em botar o pé na estrada com a turnê do Samba de verão?
Estamos retornando aos poucos, com todos os cuidados necessários para o bem-estar e segurança de todo mundo. Voltar aos palcos é um prazer imenso, olhar as pessoas olhos nos olhos e sentir o público próximo não tem preço. Estamos matando a saudade um do outro, e isso é muito bom. Acabamos de fazer o lançamento no Rio, essa semana tem Brasília, semana que vem em São Paulo e, em novembro, faremos Porto Alegre.

O que representa voltar a fazer show em Brasília, onde sempre teve boa acolhida?
Voltar a Brasília, onde fiz vários shows importantes e onde tenho grandes amigos e um público fiel, é uma felicidade enorme. Esta cidade sempre me recebeu muito bem, com público caloroso, que vibra e sempre canta junto. Aliás, o nome do projeto é Vibra! (risos)

Consegue conciliar bem os ofícios de cantor, compositor e chefe de cozinha?
A gente se vira nos trinta!! É uma coisa familiar, vem do meu pai e da minha mãe. Sempre cozinhávamos em casa, com meu pai recebendo os amigos para uma roda de samba e sempre com uma comida boa feita por ele com maior amor. Aprendi com ele a ter a música e a culinária juntos. E com minha mãe também, porque desde criança ficávamos ao redor dela na cozinha.

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