Obituário

Morre o maestro Letieres Leite, ícone da música afro-brasileira

Além de assinar arranjos para artistas como Maria Bethânia, Caetanos Veloso e Ivete Sangalo, Letieres fundou a Orquestra Rumpilezz, que deu novas roupagens à tradição afro-brasileira

Correio Braziliense
postado em 27/10/2021 19:11
 (crédito: Reprodução/Facebook)
(crédito: Reprodução/Facebook)

Morreu, nesta quarta-feira (27/10), o maestro o compositor Letieres Leite, aos 61 anos, em Salvador. A informação foi confirmada por Mauro Rodrigues, produtor-executivo do Instituto Rumpilezz, que abriga a orquestra comandada pelo maestro desde 2006.

Antes de ganhar maior notoriedade criando a Orkestra Rumpilezz, Leite já tinha uma carreira sólida e reconhecida na música. Ao longo dos 12 anos que atuou junto à banda de Ivete Sangalo, gravou oito discos e assinou arranjos de grandes sucessos da baiana, como Festa, Sorte Grande e Abalou. Sangalo lamentou a partida de Letieres nas redes sociais. “A deusa música nos uniu e me presenteou com essa alma linda que é a sua. Estou triste por sua partida. Não esquecerei jamais as inúmeras contribuições à música e à minha carreira, pois o seu talento é poderoso demais”, escreveu a cantora.

 
 
 
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A parceria com Maria Bethânia começou em 2019, quando ficou responsável pela direção musical do show Claros breus. Em Noturno, disco de Bethânia lançado em julho deste, Letieres foi o arranjador de algumas das faixas. O recém-lançado Meu coco, de Caetano Veloso, também tem arranjos dele.

“Estou arrasado com a notícia de sua morte. Ele era muito próximo. Ensinou meu filho Zeca a surfar, quando ele era menino. A música baiana, a música brasileira, a música perdeu hoje um dos seus maiores formadores. A vida perdeu um dos seus mais dignos representantes”, publicou Caetano nas redes sociais.

Trajetória

Nascido na capital baiana, Letieres teve relação com a arte desde jovem. Já atuava como pintor e gravurista aos 13 anos e chegou a fazer uma exposição coletiva na Biblioteca Central de Salvador. Mais tarde, ingressou no curso de artes plásticas na Universidade Federal da Bahia (UFBA), o qual decidiu abandonar para seguir o caminho da música, assunto ao qual se dedicava como autodidata. Era multi-instrumentista, mas sua especialidade eram os instrumentos de sopro, como saxofone e flauta.

Em meados dos anos 1980, Letieres foi para a Áustria, onde ingressou no conservatório Franz Schubert, em Viena. Quando retorna ao Brasil, em 1994, une a sua musicalidade com as de cantoras como Elba Ramalho, Daniela Mercury e Ivete Sangalo.

Em 2006, funda a Orquestra Rumpilezz, grupo musical inspirado nas big bands. A banda tinha inspirações na música sacra do candomblé, na percussão de grupos como o Olodum e também incorporava elementos do jazz. O intuito era dar novas roupagens à tradição afro-brasileira.

O nome Rumpilezz, inclusive, é une os nomes dos três atabaques do candomblé: rum, rumpi e lé. O “zz” vem do jazz. A ideia da criação da orquestra, do qual era regente e responsável pelo conceito e pelos arranjos, surgiu quando ainda estava estudando em Viena. Em 2009, Rumpilezz lançou o álbum Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz.


 

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