TRADIÇÃO

54ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro será pela internet

Duas produções da cidade, 'Acaso' e 'Filhos da periferia', conquistaram espaço na seleção central

Ricardo Daehn
postado em 11/11/2021 06:00
Festival pode ter uma abertura híbrida, com a presença de convidados -  (crédito: Matheus Dantas/CB/D.A Press)
Festival pode ter uma abertura híbrida, com a presença de convidados - (crédito: Matheus Dantas/CB/D.A Press)

"Cinema é alma. E estamos mais emotivos e tristes do que nunca. Nos tempos atuais, o chique é ter saúde mental. A alegria é ter (confirmado) o festival de cinema, e os filmes (selecionados) trazem a radiografia deste momento horroroso em que passamos a ter medo do outro", destacou a professora Tânia Montoro, uma das curadoras do 54º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que transcorrerá de forma virtual, de 7 a 14 de dezembro.

Ao lado do curador Sílvio Tendler, Tânia, que é professora da Universidade de Brasília (UnB), berço do festival, exaltou os festejos do cinema, com o secretário de Cultura e Economia Criativa do DF (Secec), Bartolomeu Rodrigues, que sublinhou se tratar do "mais charmoso e importante festival de cinema".

Orçado em R$ 2 milhões, o evento ganha o reforço das mensagens de afeto e humanidade. O aproveitamento do tradicional Cine Brasília está em discussão. "Estudamos uma sessão (especial) híbrida, com número limitado de 350 convidados", destacou Rodrigues. Ele enumerou, na live de divulgação do festival, muitas dificuldades para "não deixar a pandemia tragar (o evento), como tragou vidas".

Convivendo com o tempo das limitações do coronavírus, o festival terá seis longas-metragens (veja quadro) e 12 curtas na disputa dos troféus Candango. Em época de exibições remotas e virtuais, Tendler contou dos esforços para buscar históricos de exibições do grupo de 985 filmes analisados pelas comissões de seleção, a fim de assegurar ineditismo. "Não quisemos filmes excessivamente divulgados", simplificou ele, ao creditar que "qualquer diretor quer apresentar um filme em Brasília". A ênfase foi para selecionar fitas finalizadas a partir de 2019.  "A pegada será diferente, pela volta da safra de bons filmes de ficção", adiantou Tendler.

Luiz Carlos Merten, Nicole Puzzi, André Luis da Cunha, Adriana Vasconcelos, Flávia Guerra e Maíra Carvalho foram algumas personalidades a selecionar filmes. "Justiça social, representatividade e novas linguagens" deram norte aos trabalhos, pelo que destacou o diretor Marcelo Emanuel. Expondo o teor de "vitrine e vidraça" do cinema nacional e que é acoplado ao evento, Tânia Montoro deu ênfase para o combate ao etarismo (a discriminação dos mais idosos), a partir da proporcionalidade na participação de novos e mais antigos realizadores de cinema.

"O cinema do futuro e o futuro do cinema" serve como tema para a edição que, como contam os organizadores, vem a reboque de desafios novos nos cotidianos que movem professores, uma geração de órfãos, coveiros e profissionais de saúde. Tudo desemboca num conceito de novas estratégias de convivência a ser explorado pelo fazer cinema.

Das exibições

Depois de atingir mais de 600 mil espectadores, em estimativa de 2020, a expectativa é de incremento de público, uma vez que o evento terá longas-metragens mostrados tanto no Canal Brasil (às 23h30) quanto, a partir da 1h30, na plataforma InnSaei.TV (com direito a 22 horas de acesso para cada título).

Junto a notícias de que o festival possa retornar ao mês de setembro (em 2022), e ainda da promessa da Secec de alavancar (via FAC) a produção de 17 longas, o anúncio do festival teve apresentada listagem de homenagens para artistas como Léa Garcia, Tânia Quaresma, Lauro Montana, Luis Gustavo, Paulo Gustavo, Paulo José e Tarcísio Meira, além da professora de literatura Lucília Garcez.

Um dos segmentos mais valorizados, a Mostra Brasília trará competitivas integradas por filmes como Mestre de cena (de João Inácio), Acaso (de Luis Jungmann Girafa, presente ainda na competitiva oficial), Noctiluzes (de Jimmi Figueiredo e Sérgio Sartório) e Advento de Maria (de Vinícius Machado). Obras de Gustavo Serrate, João Campos, Renan Montenegro, Thiago Foresti e da dupla Larissa Mauro e Joy Ballard integram a seleção de oito curtas. No mesmo bloco está Filhos da periferia (de Arthur Gonzaga), filme também selecionado para competitiva oficial que trata da violência na sadia convivência entre dois moradores da Ceilândia.

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