Literatura

Escritor Nicolas Behr homenageia Brasília em narrativa fantástica

Inspirado no romance 'As cidades invisíveis', de Italo Calvino, o poeta e ambientalista apresenta um universo mitológico local na obra 'As superquadras invisíveis de Ailisarb'

Naum Giló*
postado em 08/12/2021 06:00
Nicolas Behr faz mais uma homenagem a Brasília e ao seu fundador, Juscelino Kubitschek, em sua primeira publicação de prosa ficcional, As superquadras invisíveis de Ailisarb  -  (crédito: Sérgio Lima/AFP)
Nicolas Behr faz mais uma homenagem a Brasília e ao seu fundador, Juscelino Kubitschek, em sua primeira publicação de prosa ficcional, As superquadras invisíveis de Ailisarb - (crédito: Sérgio Lima/AFP)

O poeta Nicolas Behr celebra o lançamento da sua primeira obra de prosa ficcional nesta quarta-feira (8/12), a partir das 18h, no Bar Beirute, localizado na 109 Sul. As superquadras invisíveis de Ailisarb é uma homenagem a Brasília e uma alegoria da admiração que o autor tem por Juscelino Kubitscheck, retratado na obra como “o grande JKhan, fundador do Segundo Quinto Império Cerratense”.

Inspirado no romance As cidades invisíveis, de Italo Calvino, a narrativa do livro é concisa, direta e vai aos “limites da imaginação”. “É uma viagem sem ácido, sem estimulantes químicos”, garante Behr. Na ficção, o eu-lírico relata para JKhan o que se tornaram as superquadras da mitológica Ailisarb (Brasília ao contrário), “a mais fina flor do seu vasto império, joia da coroa, cobiçada por tantos reinos”, de onde seu fundador foi banido e exilado. Importante lembrar que Juscelino Kubitscheck foi proibido de pisar em Brasília na época da ditadura militar.

Fantasia com pinceladas de realidade e doses de ironia, As superquadras invisíveis de Ailisarb descreve uma cidade onde cada superquadra guarda suas características únicas e bizarras, levando o leitor a uma viagem imaginativa ao extremo. “É um livro para ser consumido localmente,mas que também instiga leitores de fora de Brasília, porque tem essas partes loucas”, descreve Nicolas. “Acho que vai fazer sucesso entre porteiros de blocos, frentistas e motoristas”.

Costápolis, por exemplo, é a superquadra habitada por 3.255 clones de Lucio Costa, em idade madura, que repetem o Relatório do Plano Piloto como um mantra. No capítulo Onde vivem os burocrotauros, o leitor se depara com um “superlabirinto”, uma superquadra onde para se chegar a um determinado apartamento, gastam-se horas, até dias, em uma alusão à complexidade e à lentidão da burocracia da máquina pública.

Na quadra dos acéfalos, todos os moradores andam com as próprias cabeças seguras pelas mãos. Em outra experiência de horror, na mítica Ailisarb, há a superquadra habitada por seres sem pele, cuja evolução favoreceu o desenvolvimento de uma enzima que absorvem as moscas que se atreverem a pousar em seus corpos em carne viva. Para enfrentar a seca, alguns fazem o esforço constante de jogar água sobre suas cabeças, sendo o líquido embebido pelos tecidos musculares.

Meio ambiente

A questão da natureza é uma presença marcante nas obras de Nicolas Behr, que também é ambientalista. Na sua publicação mais recente, o autor descreve uma cidade árida, agreste e inóspita, resultante do processo de degradação do cerrado nos arredores de Ailisarb.

Em mais um esforço de disseminar o conhecimento sobre o cerrado, Nicolas lançou, em junho deste ano, o Aves, cores e flores do cerrado, publicação que elenca verbetes sobre espécies típicas da fauna e da flora do bioma ameaçado pela ação humana, com ilustrações em aquarela de Therese von Behr. “Estamos cavando a própria sepultura. Somos os únicos animais que extinguem outros animais e destroem o próprio habitat. A natureza não se defende, ela se vinga”, avisa o ambientalista.

SERVIÇO
Lançamento do livro As superquadras invisíveis de Ailisarb, de Nicolas Behr
Quarta-feira (8/12), as partir das 18h30, no Bar Beirute, na 109 Sul. Preço do exemplar: R$ 30. Outras obras do autor estarão disponíveis para compra no evento.

*Estagiário sob supervisão de José Carlos Vieira 

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