celebridades

Marco Pigossi fala sobre jornada para assumir orientação sexual

Há dois meses o ator assumiu publicamente o relacionamento com o cineasta italiano Marco Calvani

Cecília Sóter
postado em 07/01/2022 16:07
 (crédito: Reprodução/Instagram/@mcalvani)
(crédito: Reprodução/Instagram/@mcalvani)

Após dois meses que assumiu publicamente o relacionamento com o cineasta italiano Marco Calvani, o ator Marco Pigossi falou em entrevista à revista Piauí sobre seu namoro e uma crise de pânico que sofreu após boatos de um affair com Rodrigo Simas.

"Quando estava no ar com a novela 'Fina Estampa', viajei para o Rio de Janeiro, onde faria gravações. Quando desembarquei no aeroporto, abri meu celular e li uma notícia: que eu estava tendo um relacionamento com um ator da mesma novela. Era mentira absoluta. Chegava a dizer que nós nos 'pegávamos' nos bastidores. Era tudo invenção, mas as pessoas acreditam no que querem acreditar. Eu fiquei travado ao ler aquilo", revelou.

"Comecei a tremer e suar. Fui para o banheiro do aeroporto, me tranquei em uma cabine e comecei a vomitar. Liguei para meu parceiro, chorando. Eu dizia para mim mesmo que minha carreira tinha acabado. Não conseguia sair dali. Meu companheiro teve que pegar um voo de São Paulo ao Rio para me buscar. Fiquei horas trancado dentro da cabine, até ele chegar. A crise me deixou com sequelas. Passei a tomar antidepressivos e ansiolíticos. O pânico de sair do armário contra minha própria vontade ficou ainda maior", recordou.

‘Hoje me sinto invencível’

O ator relatou também a jornada para assumir sua orientação sexual, desde a adolescência em São Paulo até a vida adulta, como galã de novela. Morando em Los Angeles, o ator namora o cineasta italiano Marco Calvani, que conheceu durante uma viagem por Provincetown, Massachusetts, em 2019.

"Estamos juntos há um ano e meio. Foi Marco que, no feriado norte-americano de Ação de Graças, postou uma foto nossa de mãos dadas. Ele me avisou antes. Eu topei, mas senti uma certa apreensão. Qual seria a reação das pessoas? Ele postou, e ficamos esperando. Começaram a pipocar comentários, então decidi repostar a foto com um stories na minha própria rede. Escrevi 'choca zero pessoas' para tirar onda com os comentários do tipo 'ah, mas eu já sabia'. Postei e fiquei com um frio na barriga", confessou.

Ele também falou do carinho que recebeu do público após revelar o romance. "Logo comecei a receber muitas, muitas mensagens de amigos, de colegas de trabalho, de fãs. Recebi mais parabéns do que no dia do meu aniversário. Foi uma libertação. Uma festa. Nada como viver às claras, ser o que se é em privado e em público. Talvez os futuros galãs não sintam o mesmo medo que eu senti de perder minha carreira. Naquele feriado, as respostas foram um alento imenso, o acolhimento de um mundo inteiro. Marco e eu convidamos uns amigos para comemorar. Tomei um porre. E hoje me sinto invencível", encerrou.

Na entrevista, Pigossi contou que não tinha referências gays em sua casa e que achava que sua orientação era algo passageiro.

"Eu não tinha referência alguma no meu convívio e, quando assistia à televisão, nada servia como alento. Nas novelas ou nos programas de humor, quase sempre os gays eram retratados de forma caricata, pejorativa. Então, me sentindo solitário e sem amparo, me restava torcer para que fosse apenas uma fase", lamentou.

O ator relembrou o primeiro grande papel que viveu na emissora, o Cássio, personagem gay que marcou a novela "Caras & Bocas" de Walcyr Carrasco, com o bordão "fiquei rosa chiclete".

"Aos 20 anos, eu estava realizando o grande sonho de trabalhar como ator na maior indústria de entretenimento do país, mas vivia um drama pessoal: sentia calafrio só de pensar que o público poderia desconfiar que a sexualidade do personagem e do ator era a mesma. Essa possibilidade me aterrorizava" declarou.

Distanciamento do pai

Marcos revelou que, durante seus doze anos de vida pública, esteve em um relacionamento com um homem que durou oito anos, dividindo a mesma casa e escondendo a relação. A terapia ajudou o ator a se autoceitar.

"E então vieram a candidatura e a eleição de Jair Bolsonaro em 2018. Meu pai votou em Bolsonaro. Durante os oito anos do meu namoro com um homem, minha família sempre soube. Mas meu namorado e eu nunca jantamos com meu pai, que jamais perguntou sobre meu relacionamento", desabafou.

"Minha vida amorosa era um não assunto. E, quando meu pai votou em Bolsonaro, senti uma dor profunda, uma tristeza profunda (...) Meu pai e eu ficamos sem nos falar durante o ano da eleição – e até hoje temos contatos apenas esporádicos. O abismo, que já era grande, tornou-se ainda maior", contou.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação