NFT

Entenda o Bored Ape Yatch Club, NFT comprado pelo jogador Neymar Jr

O jogador Neymar Jr. desembolsou aproximadamente R$ 6 milhões em dois NFTs do Bored Ape Yatch Club. O Correio explica como esse mercado funciona

Pedro Almeida*
postado em 05/02/2022 12:00
 (crédito: Reprodução)
(crédito: Reprodução)

O mercado de NFTs caiu no gosto de artistas e celebridades. Após nomes como Neymar Jr., Justin Bieber e o rapper Eminem desembolsarem milhões de dólares pelas imagens do Bored Ape, ou “macaco entediado”, a internet tem discutido o assunto. O Correio te explica tudo sobre a nova moda virtual.

Para entender NFT, sigla de "non-fungible token", ou "token não fungível", é preciso dar um passo para trás e conceituar criptomoedas e blockchain. Com o crescimento da internet, a digitalização do mundo se tornou inevitável. Dinheiro e transações monetárias não escaparam ao processo. Desde 1998, há a criação de protótipos de moedas digitais para substituir o bom e velho dinheiro de papel. Foi em 2009, porém, que tudo mudou. Era criado o Bitcoin, primeira grande criptomoeda. Se a globalização encurtou distâncias e a internet se mostrou capaz de armazenar e compartilhar informações de forma instantânea, o papel de gerar e regulamentar o dinheiro poderia sair das mãos de entidades como o Banco Central e ir para o público. Este foi o trunfo das moedas digitais: a promessa de um dinheiro descentralizado.

Para descentralizar o dinheiro e tornar as transações transparentes para todos os usuários, foi preciso desenvolver uma nova tecnologia: a blockchain. A ideia consiste em uma base de dados aberta e inviolável com o histórico de transações. Para que isso aconteça com segurança, cada transação percorre, de forma criptografada, diversos computadores ao redor do globo para ser confirmada. Imagine uma transferência bancária entre duas pessoas: uma envia um valor para outra. O banco faz o intermédio e confirma a transação. Se quem recebeu o dinheiro resolver mentir e dizer que nunca o recebeu, o banco pode desmentir. Nas criptomoedas, se uma envia Bitcoins para outra, a blockchain faz o papel do banco, que, neste caso, está em controle dos usuários. A informação percorre os diversos computadores interligados e fica registrada em um bloco, que não pode ser alterado. Cada bloco liga-se a outro de forma que uma cadeia é criada. Daí o nome blockchain, ou “cadeia de blocos”. Informações como quem enviou, quem recebeu, quanto foi enviado e quando a transação aconteceu ficam registradas para que todos possam acessar.

Os usuários logo perceberam novas aplicabilidades para blockchain. Entre elas, o NFT. Se enviar criptomoedas seria como fazer uma transferência bancária, os NFTs seriam como notas fiscais de produtos adquiridos. Ou melhor, certificados de autenticidade. Todos podem ter réplicas do famoso quadro Monalisa. A verdadeira, pintada por Leonardo da Vinci, está no Museu do Louvre, em Paris. Para que se pudesse afirmar que o quadro pendurado em uma sala de estar é verdadeiro, seria necessário um certificado de autenticidade como prova. Apesar de não tê-lo, o quadro é essencialmente igual ao original. Da mesma forma, NFTs são certificados de autenticidade referentes a arquivos disponíveis na internet registrados na blockchain. Quando um músico produz uma canção e a disponibiliza na internet, ele pode vender o NFT referente àquele arquivo MP3. Isso não significa que outras pessoas não possam baixar a música, mas o detentor do NFT é o possuidor da “versão original”. O conceito gera exclusividade e escassez, componentes importantes para aquecer o mercado. Com isso, novos formatos de NFT têm surgido em diversos meios: nas artes, como música, fotografia e ilustrações; em jogos digitais, como o Axie infinity, que registra os personagens como NFTs; tweets e páginas da internet como, por exemplo, a Wikipédia se tornaram tokens; por fim, cartões especiais de jogadores da liga americana de basquete.

Bored Ape Yatch Club

 Lançado em abril de 2021, o Bored Ape Yatch Club (BAYC) comercializa NTFs de ilustrações de macacos entediados. Geradas por algoritmos, as ilustrações variam as roupas, expressões, cores e acessórios dos primatas. Com 170 características disponíveis, algumas combinações são mais raras que outras, o que eleva o preço. As artes, que têm sido usadas como imagem de perfil, fizeram grande sucesso na estreia e tiveram o primeiro lote esgotado rapidamente. Atualmente, celebridades e empresários têm entrado para o clube. O jogador Neymar desembolsou R$ 6 milhões por duas peças da coleção.

Como explicado, os arquivos das ilustrações do Bored Ape podem ser baixadas com certa facilidade. Ao adquirir o NFT, porém, o dono pode se dizer detentor de um macaco com mistura de características únicas. Para realçar ainda mais a exclusividade, ponto central deste mercado, O BAYC organiza encontros entre os donos dos NFTs em grandes cidades pelo mundo. Adquirir o NFT das artes, em si, pode não soar lógico, mas traz um senso de status e exclusividade agregado. Comprar significa pertencer a um seleto grupo composto por nomes como Post Malone, Jimmy Falllon, Eminen, Dj Khaled, entre outros. O entusiasmo das celebridades faz com que os valores cobrados alcancem patamares milionários.

Controvérsias

Para que  blockchain, criptomoedas e NFTs funcionem, supercomputadores precisam estar a todo vapor o tempo todo. O demasiado gasto de energia têm sido alvo de críticas por parte dos ambientalistas. De acordo com um estudo da Universidade de Cambridge, o uso anual de energia fóssil gasto em Bitcoins equivale ao usado pela Argentina em um ano. Uma única transação em Bitcoin libera a mesma quantidade de gás carbônico que um voo comercial de um Boeing 747-400.

Além do viés ambiental, outra crítica ao universo dos NFTs são as semelhanças com os famosos esquemas de pirâmide. Os pioneiros, ou o topo da cadeia, são os que lucram, enquanto a base investe dinheiro sem retorno e tenta angariar novos compradores pra conseguir lucrar.

*Estagiário sob a supervisão de Pedro Ibarra

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