Literatura

Escritora Madalena Rodrigues lança, nesta quarta-feira (13), 'O cheiro'

Jornalista e escritora Madalena Rodrigues lança obra de ficção nesta quarta-feira, no bar Beirute da Asa Sul

A jornalista e escritora Madalena Rodrigues, lança, hoje, às 19h, no Beirute da Asa Sul, o livro O cheiro, o terceiro de sua carreira. A ficção conta a história de Amana, uma menina que possui um olfato incomum, que sofre as dificuldades de ser diferente. Com o tempo, a garota descobre que o nariz sabe mais que ela mesma sobre aquilo que é ignorado. A narrativa contempla, ainda, questões de gênero e de fanatismo político.

Ao Correio, a autora e jornalista contou sobre as fontes de inspiração que levaram ao livro. "A realidade me toca muito. Todos os temas da vida, do humano, me tocam profundamente", define.

Segundo Madalena, o olfato foi escolhido como sentido que "incorpora" a personagem principal a partir de memórias olfativas desagradáveis. Moradora da Asa Norte há 15 anos, foi a primeira a ocupar o edifício em que vive e, logo ao chegar e abrir as janelas de seu apartamento, sentiu um odor desagradável. Para a autora, muitas vezes os indivíduos se moldam às situações, se acostumando com aquilo que fede.

"Não tinha ideia do que era aquele mau cheiro. Ao pesquisar, descobri que o cheiro vinha de uma estação de tratamento de esgoto. Aquele cheiro era tão penetrante e incomodava tanto, que comecei a perguntar às pessoas da vizinhança. As respostas eram sempre muito sucintas, notei que, mesmo incomodadas, não reagiam de fato. Era tido como inevitável pelas pessoas", observou.

Carregar uma ancestralidade sem consciência formada transita entre os temas de O cheiro. Amana é uma jornalista investigativa descendente de indígenas, que nada sobre a sensibilidade aguçada de seu "nariz estranho". O diferente estigmatizado é fator determinante na vida da protagonista, frente aos demais que já se acostumaram com o mal cheiro. "O faro dá a ela um diferencial, uma sensibilidade muito especial para o cheiro das coisas, da vida, de diversas situações em que muitas vezes não se percebe o insólito, o podre sob a superfície", explica.

Durante o processo de escrita do livro, Madalena descobriu o desenho como linguagem de expressão própria e a publicação traz o resultado. "Não sou ilustradora, mas gosto de desenhar. Me joguei em fazer os desenhos para acompanhar o texto e, ao final, tinha 107 desenhos, pequenas ilustrações, que foram incorporados ao livro, inclusive a da capa."

Serviço

Lançamento de O cheiro, hoje, às 19h, no Beirute (CLS 109)

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