Bibliotecas

Bibliotecas públicas buscam livros não devolvidos na pandemia

Com a reabertura das bibliotecas públicas, espaços convocam usuários a devolverem livros que foram emprestados antes da pandemia para manterem a democratização da informação

Arthur Ribeiro*
postado em 09/04/2022 06:00
 (crédito:  Carlos Vieira/CB)
(crédito: Carlos Vieira/CB)

Em tempos de informação a um clique, em celulares e tablets, as bibliotecas públicas mantêm o propósito de democratizar o conhecimento. Além do acervo físico, muitas oferecem espaços para acesso à internet e brinquedoteca e funcionam como ponto de encontro para estudantes e amantes dos livros. Espaços que estiveram fechados por quase dois anos, em virtude da pandemia de covid-19, mas, agora, voltam ao funcionamento regular e esperam o regresso de milhares de exemplares que foram emprestados antes da crise sanitária e precisam regressar para encontrarem novos leitores.

Por isso, bibliotecas do Distrito Federal têm promovido, localmente, ações para estimular a devolução dos livros. A Biblioteca Pública de Ceilândia Carlos Drummond de Andrade (BPC), que conta com mais de 54 mil títulos, está com mais de mil itens sem devolução. De acordo com a coordenadora da BPC, Pollyanna Souza, aos poucos, a comunidade está tomando consciência que as atividades estão regularizadas e encorajada a trazer os empréstimos. "Como todos os livros aqui são oriundos de doações, então, aguardamos que sejam devolvidos ou que outra pessoa faça uma nova doação para substituir", afirma.

Ela ressalta que uma publicação guardada na casa do usuário inadimplente deixa de atender a outra pessoa. "Aqueles mais clássicos, que são livros que têm uma procura maior por conta de serem cobrados no Enem, no PAS, por exemplo, são muito utilizados na leitura do ensino médio e, infelizmente, muitas vezes informamos que não podemos atender porque o item foi extraviado, não teve devolução", lamenta.

A Biblioteca ficou fechada entre março de 2020 e setembro de 2021. Mesmo assim, houve um esforço para não desassistir a comunidade. Foram promovidas atividades on-line e disponibilizados materiais virtuais para consulta, mesmo não sendo propriamente um acervo virtual.

Como o aumento nos casos de atraso está diretamente relacionado à pandemia, a coordenadora afirma que não há multa ou cobrança para aqueles que restabelecerem os exemplares. "Queremos incentivar que devolvam, além de permitir que esses leitores façam novos empréstimos, já que o mais importante é que as pessoas saibam que a BPC está aberta", destaca.

A estudante Natália Santana, 19 anos, é usuária assídua e mesmo não estando em débito com o estabelecimento, torce para que o acervo seja restabelecido o mais rápido possível. "Eu geralmente não alugo livros aqui, mas meus amigos sempre pegam e é bem tranquilo, parece ter de tudo, mesmo depois da pandemia. Temos que valorizar mais esses locais, é um lugar de muita paz tanto para quem quer estudar quanto para quem quer ler", defende.

No Plano Piloto, a Biblioteca Nacional de Brasília (BNB) reabriu em setembro do ano passado, mas ainda não recompôs todos os itens cedidos temporariamente, conforme informou Marcela Araújo, 40, gerente substituta da BNB. Ela relata que ao perceberem a evasão de acervo, em fevereiro de 2021, foi promovido um serviço de devolução em drive thru. A estratégia deu certo, e resultou no regresso de 803 exemplares.

Atualmente, 377 livros não foram devolvidos desde o início da pandemia. Apesar disso, a BNB não aplica multas. Antes da crise sanitária, os retardatários eram punidos com a suspensão de novos empréstimos, porém a penalidade não está sendo aplicada no momento.

Para quem está sempre em dia com as devoluções, as iniciativas são importantes. O estudante André Vieira Ferreira, 22, costuma frequentar bibliotecas públicas para estudar e é adepto dos empréstimos. "Felizmente, nunca fiquei sem pegar um item porque não estava disponível por extravio. Nesse período de pandemia, temos que ter compreensão também, as pessoas tiveram que se preocupar com outras coisas. O mais importante é que quem esteja devendo não faça isso com intenções ruins", dispara.

Sheila Gualberto, 43, gerente da Biblioteca Pública de Brasília, na Asa Sul, concorda com o estudante e afirma que o espaço não teve grandes perdas no estoque. "Muita gente faleceu, infelizmente, mas, até nesses casos, os parentes vieram devolver quando viam o carimbo. Tivemos muita ajuda da comunidade, especialmente quando a Biblioteca abriu após reforma, então todos vieram aproveitar e prestar os débitos", explica.

*Estagiário sob a supervisão de Juliana Oliveira

 

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  •  06/04/2022. Crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Cidades. 
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    06/04/2022. Crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Cidades. Bibliotecas públicas Biblioteca Nacional de Brasília Foto: Fotos: Carlos Vieira/CB
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Dia Nacional de Biblioteca

No século XVII, o bispo e teólogo francês Jacques Bossuet fez a célebre pela afirmação: “No Egito, as bibliotecas eram chamadas ‘tesouro dos remédios da alma'. De fato, é nelas que se cura a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a origem de todas as outras”. Séculos depois, esses importantes equipamentos públicos seguem como referências históricas e culturais. Em referência à Semana Nacional do Livro e da Biblioteca e do Dia do Bibliotecário, instituídos pelo decreto nº 84.631, 9 de abril marca o Dia Nacional da Biblioteca. A data busca incentivar a leitura e reconhecer a importância desses espaços. No Distrito Federal, são 25 bibliotecas, algumas sob a gestão da Secretaria de Cultura e a maioria gerida pelas respectivas regiões administrativas onde estão situadas.

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