Cinema

Doutor Estranho rouba a cena nas bilheterias nacionais e estrangeiras

Figura de ponta nos quadrinhos Marvel, Doutor Estranho novamente rouba a cena nas bilheterias nacionais e estrangeiras

Foi por influência dos irmãos que, desde muito nova, a designer Talita Souza acompanha os quadrinhos de heróis da Marvel. Sem pestanejar, ela diz que percebe Doutor Estranho como um dos melhores e mais profundos personagens de todo universo Marvel, seja pelas características que o compõem ou mesmo pelo enredo único que conduz. Quem engrossa a percepção de Talita é o nutricionista Bruno Perrone, 30 anos, que entrega parte da "receita do sucesso" que ele nota nas adaptações para as telas de cinema: "Os atores são muito bem escolhidos e os filmes misturaram bem nossa cultura; nas músicas-tema, nos bons enredos, e que contam, às vezes, com heróis nem tão populares como, por exemplo, Guardiões da galáxia". Espectador de todos os filmes da Marvel, Bruno guardou a alta expectativa para conferir o atual estrondo de Doutor Estranho no multiverso da loucura.

Presente em 149 sessões de cinema em Brasília, o fenômeno da continuação de Doutor Estranho (2016) ocupou, com folga, a primeira posição entre os filmes mais assistidos dos lançamentos de 2022. Para se ter uma ideia, na central de vendas da Ingresso.com, rede on-line de comercialização de entradas, o filme com Benedict Cumberbatch monopolizou 95% das vendas em escala nacional. Batman, o segundo propulsor na venda de ingressos, ficou 52% abaixo da disparada de Estranho e seu indefectível manto encantado.

"Desde criança, assisto a desenhos, filmes e séries de heróis. É um universo maravilhoso! Os heróis têm suas fraquezas mais humanas", opina Bruno. A identificação é facilitada com tipos como Homem-Aranha, com quem Estranho praticamente duela, nos números de bilheteria norte-americana. "É muito divertido de acompanhar: Homem-Aranha é estudante, tem problemas financeiros e há a perda de familiares; tudo isso com drama, ação e comédia", ressalta o nutricionista sobre a franquia de Peter Parker, entre os seis filmes recentes mais assistidos pelo público gringo. O novo Doutor Estranho (personagem fundamental na trajetória do Cabeça-de-Teia) arranjou uma brecha no calendário, antes de outro esperado hit: a sequência de Top Gun, com Tom Cruise. Equiparado aos números de entradas vendidas com Vingadores: a era de Ultron (2015), Doutor Estranho fica entre as 11 maiores bilheterias de todos os tempos, pelos cálculos das corporações ianques. Dos filmes contemporâneos, há projeções de figurar atrás de seis fenômenos, entre os quais Pantera Negra (2018) e O rei Leão (2019).

Atenta à excelência no casamento entre entre o uso de computação gráfica da Marvel e a legítima intenção de dar vida aos quadrinhos, a designer Talita se vê realizada enquanto fã. Entre dose de alívio cômico, equivocada (na opinião dela), e a entrega de fan service (porta de elementos para serem assimilados pelos fãs fervorosos), Talita detectou um filme impactante. "Cumpriu a promessa de ser a primeira produção de "horror" da Marvel, explorando o lado emocional dos personagens e ainda cria uma ponte entre o filme e o fã, pela intensidade do drama", destaca.

Pessoalmente desinteressado da porção heroína da Feiticeira Escarlate (uma presença forte no longa), Bruno Perrone curtiu o potencial dela enquanto vilã. "Os problemas psicológicos e emocionais vinculados ao enorme poder da Wanda trouxeram uma mistura muito bem explorada". O fã vê, a partir de um roteiro consistente, infinitas possibilidades com o multiverso aberto. Os X-Men podem ter um novo fôlego nas telonas, passada a trilogia da Fox — e heróis que morreram podem retornar, na visão dele.

"O primeiro filme do personagem marcou uma nova era nos filmes da Marvel, o filme é lindo em todos os aspectos. A escolha do Benedict Cumberbatch para viver a personagem foi precisa e certeira. No novo filme, acho que eles conseguiram manter a atenção em Wanda e no Dr. Estranho. Preservaram as individualidades deles, com maestria. Ver um quadrinho tornado filme é o desejo mais estimado da nossa criança interior", diz a designer Talita Souza.  

Consciência heroica

Grande fã das histórias do Homem-Aranha e dos X-Men, o programador Carlos Eduardo Ribeiro, 33 anos, tem ainda as histórias do Doutor Estranho em alta conta, mas sem apontar favoritos. A dimensão vilanesca da Feiticeira Escarlate (que, no fundo, traz consciência heroica) convenceu o espectador. "Gostei muito da trama do filme, mas não curti a morte rápida de alguns personagens (algo inesperados) na trama. Acredito que poderiam ter sido melhor aproveitados", destaca o fã da Marvel, desde os anos de 1990, entretido com os desenhos televisivos da marca.

Na opinião do programador, a introdução ao herói, vista no primeiro filme, se complementa, com uma nova fase para o multiverso. "O filme contribui no desenvolvimento do multiverso, que já vinha sendo introduzido em títulos anteriores. Agora, há a visão de diversos universos e variantes de personagens já mostrados", explica. A inesperada aparição de alguns personagens abre "um leque de possibilidades para futuros filmes", segundo destaca.

Explicações para o complicado conceito do multiverso da Marvel têm sido desmembradas em filmes e séries como Loki e Homem-Aranha: Sem volta para casa. A ação assinalada pelo novo filme de Sam Raimi complementa o assunto. "A aventura ajuda muito a entender sobre o multiverso, tendo em vista que vemos três versões do Doutor Estranho (quatro, se contar um morto) em seus universos e há consequência das suas ações, no conjunto de cada situação", conclui.

Saiba Mais

 

Arquivo Pessoal - 2022. Crédito: Arquivo Pessoal. Cultura. O nutricionista Bruno Perrone, 30 anos, fã da Marvel.
Arquivo Pessoal - 2022. Crédito: Arquivo Pessoal. Cultura. Talita Souza, fã da Marvel.
Fotos: Marvel Studios/Divulgação e Arquivo Pessoal - Doutor Estranho no Multiverso da Loucura
Divulgação - Doutor Estranho no Multiverso da Loucura