A concepção do espetáculo Quando o coração transborda foi sofrida. A atriz e diretora Maíra Oliveira queria contar a história do grupo Esquadrão da vida e seu fundador, Ary Pára-Raios, mas também mergulhar na própria experiência e trajetória. No início, lá por 2012, não tinha certeza de que o projeto era viável. Procurou seus mentores e parceiros, o ator João Vicente e o violeiro Roberto Corrêa, contou mais ou menos o que queria e, surpresa, viu a aprovação dos dois tornar-se o primeiro passo para criar o texto da peça, que será apresentada amanhã e domingo na Sala Marco Antônio Guimarães, no Espaço Cultural Renato Russo, da 508 Sul.
No palco, Maíra está sozinha. Não tem a companhia do Esquadrão da Vida, que a acompanhou desde sempre e cuja direção assumiu após a morte do pai, Ary, em 2003. O monólogo, texto da própria atriz, é um misto de afeto, história e reflexão sobre o papel e o propósito do teatro. "O espetáculo é uma convocação e uma celebração da história e, a partir dessa celebração, uma convocação para a gente olhar, se entender um pouco como cidadãos, pessoas que fazem parte dessa sociedade. E faço isso através da minha história particular também, que é da história do Esquadrão da vida", avisa. "Não é uma cronologia. Vou analisando a história do Esquadrão através desse meu olhar, do que pra mim é importante."
Cartas trocadas com o pai, textos escritos para ele após a morte, textos do próprio Ary para as peças do repertório do Esquadrão e outros escritos forneceram a base para Quando o coração transborda. "Tem textos e poemas que fazem parte da história do esquadrão, sabia que queria que tivesse isso. Achava que teria que ter meio que um romance aí", conta Maíra. "O espetáculo é um reflexo de tudo que vivemos. Tem roteiro, estrutura fixa. É uma coisa que se confunde muito com a realidade, com a ficção. É muito teatral nesse sentido", explica Maíra.
A relação entre pai e filha, a construção de um diálogo entre mestre e aprendiz, a criação de uma companhia de teatro preocupada com a inclusão, com questões sociais e com o meio ambiente se misturam no monólogo que, de início, incomodava um pouco a atriz. Não era o formato com o qual se sentia mais confortável. "Nunca fui de monólogo, sempre achei que podia ser meio presunçoso. E minha vida é mesmo de grupo, desde sempre. Mas entendi que era uma coisa minha", explica. Nessa trajetória, ela aprendeu e se formou em viola após sugestão de Roberto Corrêa, diretor musical do espetáculo, e fez um mestrado na Universidade Federal da Bahia (UFBA) que resultou em uma dissertação sobre o Esquadrão da vida.
Recursos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) ajudaram a possibilitar o espetáculo, que circulou em apresentações pontuais em espaços de resistência no Gama e em Taguatinga antes da pandemia. Quando veio o coronavírus, Maíra se recolheu para, somente agora, colocar Quando o coração transborda de volta nos palcos do DF.
Quando o coração transborda
Direção: Maíra Oliveira e João Antônio. Direção musical: Roberto Corrêa. Amanhã, às 20h, e domingo, às 19h, e dias 24 e 25 de setembro, na Sala Marco Antônio Guimarães - Espaço Cultural Renato Russo 508 Sul. Ingresso: R$ 30 e R$ 15 (meia).
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