Rosa Passos e Lula Galvão celebram 38 anos de parceria nos palcos

Rosa Passos e Lula Galvão celebram 38 anos de parceria e amizade hoje em show que também comemora os 60 anos do Clube do Choro

Nahima Maciel

postado em 28/09/2022 06:00 / atualizado em 28/09/2022 10:44

(crédito: Marcelo Castello Branco)

Lula Galvão e Rosa Passos mal se conheciam quando subiram ao palco juntos pela primeira vez. Ela cantava e ele tocava violão na Degraus, uma casa de shows à qual o público ia para dançar clássicos da MPB. Era 1984 e o repertório incluía o que Rosa sempre gostou de cantar: Tom Jobim, Ary Barroso, Dorival Caymmi, Caetano, Gilberto Gil, João Gilberto e uma dezena de outros compositores. O programa ia de 21h às 3h e a banda precisava tocar, pelo menos, 100 músicas. "Foi como se fosse uma escola de aprendizado: cresci muito como intérprete porque tinha que escolher um repertório para fazer à noite", conta Rosa, que hoje (28/9) sobe ao palco do Clube do Choro com Lula para celebrar a amizade nascida e cultivada ao longo desses 38 anos.

No repertório, a dupla incluiu alguns dos clássicos tocados na noite daqueles anos 1980, mas também as músicas que estarão no álbum Rosa Passos—Lula Galvão, uma celebração ainda em processo de finalização que deve ser lançada em novembro. "É um trabalho artesanal, estamos bancando tudo e desejávamos fazer esse disco há uns 20 anos. É um trabalho de experiência de muitos anos juntos, um trabalho muito delicado", avisa Rosa.

Além de composições da dupla, o álbum tem canções de Noel Rosa, Nelson Cavaquinho, Jacob do Bandolim, Hermínio Bello de Carvalho, Johnny Alf e outros compositores caros à dupla. "É um apanhado dos clássicos da música brasileira que a gente faz com nossa leitura, nossa forma de fazer música. É um disco muito leve, alegre", garante Rosa. A afinidade musical da dupla vai além do gosto pelo repertório. "Rosa foi a pessoa que me inventou como arranjador, confiou a mim os arranjos dos discos dela, fazendo questão que eu fizesse improviso", conta Lula.

A cantora e compositora contabiliza 22 discos, dos quais 19 tiveram os arranjos confiados a Lula Galvão. "Ele é meu marido musical", garante, lembrando das palavras de Hermínio Bello de Carvalho em texto que acompanha o encarte do novo álbum. "Ele diz que Lula é meu jardineiro. Os acordes que ele colocou no meu jardim são muito especiais. Você pode tocar 30 anos com uma pessoa e não acontecer a sintonia, mas a gente tem uma sintonia imediata com o que faz."

O show que a dupla apresenta nesta quarta-feira (28/9) no Clube do Choro já passou pelo Sesc Pompeia e pela casa de shows Bourbon Street, em São Paulo, e, pelo Teatro Rival, no Rio de Janeiro. "Para mim, a experiência de estar fazendo show só nós dois é um sonho, é a maneira como começamos. Esse projeto veio resgatar o que foi o nosso início. Para mim, tem sido uma experiência muito feliz e gratificante", diz Lula. A primeira música que os dois músicos tocaram juntos, lá pela década de 1980, foi Eu e a brisa, de Johnny Alf. Dez anos mais velha que o violinista, Rosa lembra que ficou encantada com o rapaz tão jovem tocando de maneira já tão madura. A brasilidade mesclada à pegada jazzística de Lula encantou Rosa.

Hoje, a compositora considera o parceiro um dos melhores violinistas do mundo, autor de arranjos que viram estudos e referência para centenas de músicos. Quando sentaram para criar o repertório do novo álbum, os dois haviam acabado de fazer um disco autoral, por isso não consideraram a ideia de fazer um trabalho apenas com músicas próprias. "A gente já tinha na nossa cabeça que, quando tivesse um disco só voz e violão, a gente faria coisas que eu gosto de cantar e ele, de tocar", conta Rosa, que ainda encara como desafio registrar canções tantas vezes gravadas ao longo da história da música brasileira. "A gente tem que dar nossa leitura e, como a gente tem essa cumplicidade, para comemorar os 38 anos a gente escolheu esses clássicos."

ROSA PASSOS E LULA GALVÃO — BRASÍLIA

60 ANOS DE CHORO

Nesta quarta (28/9) e quinta (29/9), às 20h30, no Clube do Choro de Brasília. Ingressos: R$ 30 (meia), à venda em bilheteriadigital.com/choro.