Cinema

Festival de Cinema de Brasília levanta questões de classe e gênero

Sob o olhar da protagonista Jimena, o longa-metragem ‘Canção ao longe’ levanta questões sobre classe, família, tradição, raça e gênero

Isabela Berrogain
Vinícius Milhomem*
postado em 18/11/2022 23:16 / atualizado em 18/11/2022 23:17
Clarissa Campolina, diretora do longa-metragem 'Canção ao longe'. -  (crédito: Débora Oliveira/CB/D.A Press)
Clarissa Campolina, diretora do longa-metragem 'Canção ao longe'. - (crédito: Débora Oliveira/CB/D.A Press)

Parte da Mostra Competitiva Nacional do 55° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB), o longa-metragem Canção ao longe foi exibido na telona do Cine Brasília, nesta sexta-feira (18/11). Sob direção de Clarissa Campolina, o filme acompanha o cotidiano de Jimena, uma jovem mulher que, na busca pela identidade, reescreve as relações familiares e cria outras formas de estabelecer vínculos amorosos. A produção levanta questões sobre classe, família, tradição, raça e gênero.

Ao Correio, Clarissa contou sobre a ideia por trás da produção. “Me deu vontade de fazer um filme que, de alguma forma, questionasse os modelos e que fizesse as pessoas questionarem a família tal qual ela é estabelecida”, explica a diretora. “O filme me fez pensar sobre como é importante quebrar os modelos que nos ensinaram”, complementa.

Para Camila Shinoda, júri da Mostra Competitiva Nacional, a curadoria deste ano trouxe uma grande representatividade de todas as regiões brasileiras. “Tenho achado muito interessante (o festival), porque tem filmes nordestinos, filmes do Rio de Janeiro, filmes do DF”, avalia.

Esta edição do festival marca a estreia do diretor Victor Laet não só na Mostra Competitiva Nacional, como também nas telonas do cinema - Capuchinhos é o primeiro filme de Leat. “Para ser muito sincero, eu não sei muito sobre o que é o filme”, revela o diretor. “Toda vez que eu assisto, eu tenho uma impressão diferente sobre o que ele é, mas hoje eu tenho a ideia de que ele é sobre o absurdo e a insegurança”, descreve.

Em meio a aplausos, Laet criticou o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e agradeceu os ex-ministros da Cultura Gilberto Gil, Juca Ferreira e Ana de Hollanda.

Mayara Valentim, diretora do curta Nem o mar tem tanta água, ressaltou a importância da representatividade nordestina que a produção traz. "É uma imensa felicidade vir do nordeste e apresentar o filme, mostrando que o nordestino está apresentando muito por ai", pontua. "O audiovisual ainda é muito elitista", complementa. A protagonista do filme, Laís de Oyá, aproveitou para criticar a falta de representatividade negra nos festivais de cinema: “Eu vejo muita gente branca e pouca gente preta aqui”. A exibição do curta foi dedicada ao cineasta Ely Marques, que morreu em 2021 em decorrência a complicações da covid-19.

Festival segue até o dia 20 de novembro

O 55° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB) teve inicio no dia 14 de novembro e seguirá até o dia 20 de novembro, e conta com apresentação da atriz Bárbara Colen.

A edição de 2022 do evento, traz um foco para no retorno às atividades e às exibições presenciais. No intuito de trabalhar por uma reconstrução de políticas públicas do audiovisual brasiliense. A direção artística desta edição é assinada pela produtora Sara Rocha.

*Estagiário sob supervisão de Pedro Grigori

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