Nicolas Behr sempre escreveu livros temáticos em que despontam Brasília, a cidade-musa, Diamantina, a cidade da infância, ou Alcina, a musa-mulher. Mas, agora, ele resolveu reunir poemas esparsos, mas interligados pela sensação da dor e da transcendência da dor em O itinerário do curativo (Ed. Reformatório), a ser lançado, hoje, com tarde de autógrafos, a partir das 17h, no Bar Beirute (109 Sul).
As remininiscências de Diamantina, a infância, a relação com o pai e Brasília são os temas que perpassam os poemas. No entanto, a indagação existencial está presente em todos os momentos: "A questão existencial é a dificuldade de viver", comenta Behr. "Os poemas sobre o meu pai são pedaços de um livro que pretendo publicar daqui uns três anos. A questão existencial é a ferida, a dificuldade de se manter vivo e acreditar na vida. Não digo que seja um livro desagradável, mas tem coisas meio fortes. Entretanto, sempre com a preocupação de tocar em frente, encarar o rojão."
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"O pai mais doce/do mundo/vivíamos como formigas/ao seu redor,/tirando pedaços". Como o próprio título O itinerário do curativo indica, a poesia tem algum poder de interferir na cura das experiências duras da vida, admite Behr: " Alivia, consola. E diminui o fardo, é interessante que ela torna mais leve. A poesia é um instrumento da felicidade. Pelo menos permite compartilhar as experiências. Essa história de leve e pesado é relativa. Carlos Drummond é pesado e leve ao mesmo tempo".
"Adeus, ferida/nos reencontraremos/em outras peles/palavras suaves/já não funcionam mais", escreve Behr em um dos poemas. E comenta: "Se a poesia resolve as questões existenciais eu não sei. Mas é um remédio. Não sei porque a gente busca o mal-estar, não é por morbidez, é algo que marque a gente, não passe em branco, que arranha. A gente escreve a poesia algo próximo do que gostaria de ler".
Em outro poema, Behr escreveu: "ou o poema é simples ou é impossível". O que ele persegue na poesia retirar o nervo, a pele e chegar ao simples: "E o simples não é o superficial. O simples é muito difícil. É o complexo resolvido, acessível. Por isso, o poema é simples ou impossível. Quero chegar ao cerne, mas é um jogo perigoso, pois se eu alcançar, acaba a poesia".
Essa é a primeira vez que Behr publica um livro por uma editora de São Paulo. Ele busca ampliar o público leitor de sua poesia: "A autoedição é legal, mas atinge os amigos e as redes sociais. Acho que essa história de seguidores é ilusão. Muitas vezes, o seguidor acompanha, mas não lê. Eu posso dizer que tenho leitores. Mas é preciso ampliar o público. O que me faz escrever não é tanto o elogio, é o prazer de compartilhar algo em que você acerta, ameniza a dor, reduz algum dano psíquico".
O itinerário do curativo
De Nicolas Behr/Ed. Reformatório
94 páginas/Lançamento, hoje, a partir das 17h, no Bar Beirute (109 Sul)
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