Cinema

O multiverso de 'The Flash' chega aos cinemas nesta quinta (15/6)

Envolto em polêmicas, o astro Ezra Miller tem a grande chance da vida no filme solo do veloz herói DC 'The Flash', que chega aos cinemas nesta quinta (15/6)

Ricardo Daehn
postado em 15/06/2023 00:01 / atualizado em 15/06/2023 10:10
 (crédito:  Warner Bros)
(crédito: Warner Bros)

O que era para se um raio, se tornou furacão: em plena intempérie da pandemia, em meados de outubro de 2021, foi anunciada a conclusão das filmagens de The Flash, que chega aos cinemas, sob a sombra da arranhada imagem do astro da fita — Ezra Miller, sempre lembrado por filmes como As vantagens de ser invisível e Precisamos falar sobre Kevin. Agora, ele também tem sido lembrado pelo acúmulo de excentricidades.

De certo modo, a receita para decifrar o multiverso apresentado pelo longa detido no herói da DC Comics ultrapassa o roteiro: numa metáfora, um enroscado prato de macarrão, encorpado por molho de tomate, poderia exemplificar a corrente de possibilidades de vidas em paralelo e que se comunicam, alterando o curso de todo e cada ser humano. Há no roteiro de Joby Harold (produtor de John Wick 3 e um dos roteiristas do novo Transformers) e Christina Hodson (de Bumblebee e do mico Aves de rapina) a questão da origem e das dúvidas de um herói. Mas, para o Flash, sobram reflexões existenciais, dor e humor, como se ele fosse um misto de Homem-Aranha e Deadpool, e que ainda pudesse de multiplicar, com rumos de vida absolutamente divergentes.

Ruim de relações interpessoais, Barry Allen (a identidade pessoal de Flash) tem o amparo de um mordomo Alfred (Jeremy Irons), muito mais presente, e que monitora cada passo da Liga da Justiça em que Flash é um dos integrantes. The Flash, entretanto, luta contra um metabolismo acelerado e traz um quê de frustração, sempre se identificando como "faxineiro" das bagunças promovidas por colegas com Batman (Ben Affleck), Mulher-Maravilha e afins. Num trocadilho, o 'running on empty' (do máximo aproveitamento energético) se dá pela sistemática fome do herói: carismático, ele sempre interage com os fãs, mas, aqui e ali, afana um lanche para aplacar a fome.

Nem tudo porém incorre em leveza. Traumatizado, Barry Allen tem a vida (e a existência dos pais) arruinadas por uma singela lata de tomates. Uma ida ao mercado, e um crime abala o pai, interpretado por Ron Livingston, e a mãe, papel de Maribel Verdú. "Cicatrizes são o que fazem da gente quem somos. Viva a sua vida", aconselha, em dado momento o Batman, na telona. Num alívio cômico, Flash até saúda o milionário amigo "do Uber Black". Mas, lá segue ele, errante, tempos depois de se ver afetado por acidente que envolve ser eletrocutado, numa conjuntura que alinha um raio de tempestade e produtos químicos. A jornada de Flash pode até ser incrementada por um portal que o leva à convivência com o Batman de Michael Keaton, mas a jornada é dele, por vezes, pelado e perdido num mundo caótico, com incontáveis reações em cadeia, que fogem de sua alçada.

Quem dirige The Flash é Andy Muschietti, argentino quase cinquentão, que reponde como novo mestre do terror, à frente de fitas como Mama e It: a coisa. Ainda que apresente o horror palpável das falhas do sistema de justiça, os medos dispostos no roteiro são mais siderados, e mostram a interferência do jovem, numa volta ao tempo, em que, despido de efeitos visuais, o longa registra The Flash sem poderes e sem sua característica empolgante.

O acerto do longa é justamente emplacar uma aventura de espírito livre, impressa num roteiro simples, mas de retornos inesperados. Sim, é verdade, que há momentos infantiloides (com direito a apelativo uso de ursinho de pelúcia!), mas The Flash convence, pelo empilhado de choros engasgados, pela atmosfera de infância bem vivida e por doloridas lembranças registradas.

Há muitas surpresas neste longa que, por momentos, soa a algo como um "The Flash: Ultimato". Em dado ponto, a trama abraça as consequências de o maléfico general Zod (Michael Shannon, subaproveitado) administrar uma Máquina Planetária capaz de ameaçar o dia a dia dos humanos. Fica um clima de suspense, com a prevista aparição do alienígena de Krypton, Kal-El, famoso como Super-Homem. Na deixa, quem se projeta, será uma certa prima do poderoso herói, Kara Zor-El, bem mais conhecida por Supergirl (Sasha Calle).

 


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