As memórias de infância da autora Marina P. P. Oliveira estão registradas no lançamento literário infantil A Lua Curiosa e o Planalto Central. Disponível em audiobook desde 2021, agora, a obra ganha uma versão física pela editora Ipê das Letras com material completo para utilização em escolas. Hoje, o evento de lançamento será acompanhado de uma roda de choro e a abertura de uma exposição inédita da pintora de quadros naif Anoushe Duarte, ilustradora do livro, no Quanto Café.
Marina narra a construção de Brasília baseada em relatos dos avós maternos, pioneiros da criação da capital. Mas o protagonista da história não são as pessoas e nem a cidade: é a Lua Cheia do Cerrado. Em um tributo àqueles que plantaram raízes na capital, a Lua traz a perspectiva de tudo o que viu antes de Brasília existir, até os dias atuais. Admirada, Marina carrega muitas memórias na companhia do satélite em caminhadas noturnas: "Em muitos momentos tive esse namoro com a lua, e parece que ela segue a gente. Acho que é porque ela é curiosa, a espiã perfeita para contar uma perspectiva diferente da história."
A música é a condutora da narrativa do satélite natural, e a autora disponibiliza um conteúdo em áudio com a trilha sonora do conto a partir de cada exemplar do livro. As crianças terão um material pedagógico completo com imagens, texto, e áudio para acompanhar a história da Lua. Para estimular o potencial de letramento das crianças, Marina uniu a literatura e o choro no mesmo conteúdo. "O choro e Brasília têm uma aliança indissociável, ambos se ajudam mutuamente a construir uma identidade", argumenta.
Outro elemento que a autora ressaltou com os conteúdos audiovisuais foi a cultura da oralidade. Ela destaca que a literatura cantada foi deixada de lado por ser considerada inferior em comparação com a escrita impressa: "Esse é o caso de tradições indígenas e afrodescendentes, culturas riquíssimas e mal aproveitadas." O encantamento no processo de alfabetização das crianças é uma pauta fundamental para Marina, possibilitada por meio de conhecimento de mundo e trocas de ideias.
Toda a construção do projeto foi feita de forma independente, na qual a autora bancou a produção, promoveu uma campanha de arrecadação de fundos e contou com a ajuda de profissionais da arte por um valor simbólico. "Foi uma relação de amor e afeto. Aprendi muitas coisas e contei com a ajuda de grandes amigos", relata. Anoushe Duarte deu as telas de presente à Marina para compor a ilustração do livro. O trabalho também é uma homenagem ao falecido cineasta brasiliense Bernardo Bernardes, narrador do avô e da Lua Cheia no audiobook.
A escolha da linguagem naif para as ilustrações partiu do potencial da vertente de contar histórias. Frida Kahlo e Tarsila do Amaral são dois dos grandes nomes que exploraram tal forma de expressão. Do francês, naif significa ser inocente e é caracterizado pelo uso de cores fortes. Em colaboração com a amiga Anoushe, Marina trabalhou com a alegria e o colorismo para ilustrar a infantilidade.
O livro visa valorizar as pessoas simples que chegaram no começo de Brasília procurando uma vida melhor. "Com muitos sonhos e esperanças, eles queriam prover aos descendentes a oportunidade de educação e o sucesso financeiro", diz Marina. Ela evidencia que, mais do que mão-de-obra, os candangos trouxeram inovações culturais e criatividade à cidade. O lançamento é uma celebração à multi linguagem artística e ao legado dos primeiros brasilienses.
Lançamento do livro infantil A Lua Curiosa e o Planalto Central
Hoje, a partir das 15h30, no Quanto Café (CLN 103 bloco A — Asa Norte)
*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco
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