
Parceira artística, por anos, do pernambucano Gabriel Mascaro (premiado no último Festival de Berlim), de quem produziu cinco filmes, a diretora britânica Rachel Daisy Ellis conta que, ao lado de colegas como Renata Pinheiro, luta para conseguir espaço e visibilidade, traços que podem ser alcançados pelo impacto do longa dela, Eros, um documentário sobre frequentadores de motéis. Há 22 anos radicada no Brasil, Rachel comandou o documentário Eros, sob a premissa de as pessoas passarem por filtro: tinham que topar filmar uma noite no motel, mas muitos, claro, não tiveram perfil e interesse. Nisso, percebeu que precisava estar junto no resultado final, suprindo certo exibicionismo e um quê do desejo de ser vista, numa espécie de encontro com demais personagens do filme.
Filmar a si mesma e partilhar histórias foi "muito esquisito", mas válido. Registrar o Brasil com algo de viés conservador igualmente foi pertinente. Mas, no exterior, nos Estados Unidos sentiu pudores dos programadores de cinema no entendimento de que motel não estava necessariamente associado a sexo pago. No filme que dirigiu, entre curiosidades esteve o enfoque ainda de profissionais que produzem filmes caseiros em motéis para fins mais comerciais. "O filme é ambientado nos motéis e reflete sobre o motel enquanto instituição de sexo que, é muito presente na vida do cotidiano dos brasileiros. E fala de muitas coisas. Então, eu diria que sexo é uma parte do enredo, obviamente, importante. Mas, se fala muito de amor, de intimidade e da forma que a gente se relaciona um com o outro. Nisso, reflete sobre religiosidade, e alcança questões de ideologias das pessoas. O forte no processo da pesquisa era: as pessoas estavam perguntando e, a partir desse espaço, como se transborda e se fala muito sobre o Brasil e a diversidade que existe, enquanto maneira que a gente se relaciona com o prazer com desejo? Se fala de viver nossa sexualidade e o nosso prazer, no filme", conta Rachel, em entrevista ao Correio.
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Rachel Ellis sabia que teria um filme de, no máximo, duas horas e isso seria limitante. "Nunca daria conta de toda a representatividade. Tive pistas de que queria alguns perfis específicos como trazer casais mais velhos; era muito importante trazer corpos idosos também. E também quis muito ter um casal religioso, evangélico, porque era importante refletir sobre isso e quebrar estereótipos. Tirando esses dois que busquei, estava muito aberta ao que, naturalmente, surgia", demarca.
Além da sessão às 17h, na próxima quarta-feira (25/6), Eros serpà exibido ainda no Cine Brasília no dia 30/6, às 16h30, e no primeiro de julho (às 16h45).
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