
A memória que fica do cartunista Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe — mais conhecido como Jaguar e que morreu neste domingo (24/8) — vai muito além dos diversos trabalhos e ilustrações produzidos ao longo de seus 93 anos de vida. Para quem teve a sorte de conhecê-lo, permanece também a lembrança do bom humor (por vezes ácido) e da simpatia.
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Em agosto de 2005, Jaguar esteve em Brasília para conhecer um espaço criado em sua homenagem no bar Feitiço Mineiro. Boêmio, aproveitou para visitar outros bares da cidade e até a redação do Correio Braziliense, onde recebeu de presente uma garrafa de pinga da editoria de Ilustração da época e conversou animadamente com diversos profissionais.
Confira alguns registros:
Vida e trabalho
Jaguar nasceu em 1932 — um ano bissexto — no Rio de Janeiro. Deixou a então capital do Brasil aos três anos de idade, quando o pai, funcionário do Banco do Brasil, foi transferido para Juiz de Fora (recomendação de um pediatra para ajudar com a asma de Jaguar). Depois, o banco enviou-o para Santos, onde o jovem fez o primário e o ginásio. Por volta dos 15, pôde, enfim, voltar ao Rio.
"De carioca autêntico eu não tenho nada. Eu simplesmente curto o Rio como se fosse um cara de fora", explicava o ex-morador de bairros como Lapa, Copacabana e Leblon. Orgulhoso boêmio - jurava que chegou a tomar 50 latinhas de cerveja num único dia - foi um dos fundadores da Banda de Ipanema, que juntava jornalistas, escritores, artistas e cartunistas, e até hoje existe como bloco do carnaval carioca.
Trabalho no Pasquim
Um marco na carreira de Jaguar, assim como na de tantos outros cartunistas brasileiros, o semanário O Pasquim foi fundado em junho de 1969, durante um dos períodos mais difíceis da ditadura militar (1964-1985).
"A fundação de O Pasquim logo depois do AI-5 foi uma coisa inteligentíssima, né? Risos. Um grupo de pessoas consideradas de um certo QI, esperou o AI-5 pra abrir um jornal pra falar mal do Governo! Foi uma ideia brilhante! Risos Deu tanto resultado que, seis meses depois, 80% da redação estava em cana", ironizava.
O pontapé inicial foi dado ao lado de Sérgio Cabral, Claudius Carlos Prósperi e Tarso de Castro. Na equipe da publicação passaram ainda outros nomes históricos do jornalismo alternativo como Millôr Fernandes, Ziraldo, Henfil, Paulo Francis, Ivan Lessa e Sérgio Augusto. O nome do jornal foi sugestão do próprio Jaguar, uma referência ao termo italiano Paschino, um panfleto difamador.
"Nós fizemos o jornal porque estava todo mundo demitido e a gente precisava de um meio de ganhar dinheiro. Queríamos produzir um informativo de Ipanema, feito nos botecos, mas, pela própria natureza dos participantes, começamos a fazer aquele brincadeira toda". Em seu auge, O Pasquim chegou a vender mais de 200 mil exemplares numa única edição. A maioria das páginas não surgia de reuniões de pauta formais, mas de conversas de bar.
Foi em sua época de Pasquim que acabou preso, no segundo semestre de 1970.
*Com informações da Agência Estado
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