
Belém (PA), que sediará em novembro a COP30, será palco da peça musical Águas da Amazônia. A obra será apresentada pela primeira vez no Brasil no Theatro da Paz, nos dias na quarta e na quinta-feira (8 e 9/10). O concerto será marcado pela integração entre música clássica contemporânea, ritmos e sonoridades tradicionais da região amazônica e projeções visuais criadas por dez artistas indígenas e amazônicos contemporâneos.
Inspiradas em histórias e saberes de diferentes etnias, essas obras visuais ganham vida em projeções durante a apresentação, ampliando a experiência estética e cultural. A peça de Philip Glass é composta por movimentos dedicados a rios emblemáticos da bacia amazônica: Negro, Tapajós, Purus, Xingu, Amazonas, entre outros. Na releitura, esses rios não são apenas títulos de composições, mas se tornam personagens centrais, que conduzem o público a uma travessia musical e espiritual.
Gravada originalmente em colaboração com o grupo mineiro Uakti, a releitura da obra evoca a fluidez dos rios, a diversidade dos povos e a urgência da preservação da natureza. “O Águas da Amazônia é, para mim, um encontro entre visões. Temos um compositor que não nasceu aqui, mas que traduziu em música os rios e a paisagem da Amazônia, e temos uma orquestra amazônida, conduzida por um regente que também é da região. É essa junção entre a visão de fora e a de dentro que dá força à obra: uma leitura universal da Amazônia feita com os olhos do mundo, mas interpretada a partir de dentro, no coração da floresta. É um diálogo potente sobre o que a Amazônia significa local e globalmente", avalia o regente titular e diretor artístico da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz, Miguel Campos Neto.
Para a diretora artística e idealizadora do projeto, Natália Duarte, a concepção do concerto nasceu do desejo de promover o encontro desta obra emblemática com o território que ela homenageia. "Este projeto amadureceu ao longo de anos, desde que percebi o potencial de trazer 'Águas da Amazônia' de Philip Glass ao território dos rios que a inspirou. Mas não queríamos apenas executar a música, queríamos mostrar a vida que pulsa nesses territórios: a fauna, a flora, mas principalmente os mitos, as histórias, a espiritualidade e a diversidade dos muitos povos que vivem junto com esses rios", ressalta.
Natália lembra que cada rio é habitado por povos com saberes milenares que merecem ser celebrados. São universos de culturas que merecem ser celebradas. “Aproveitamos este momento em que os olhos do mundo estão voltados para a Amazônia, especialmente com a proximidade da COP 30, para promover encontros transformadores entre diferentes tradições musicais, artes visuais e narrativas territoriais, mostrando ao mundo a extraordinária riqueza das artes e culturas amazônicas", destacou.
A diretora de produção Joelle Mesquita acredita que a união da música sinfônica com as artes visuais e as narrativas indígenas cria um campo fértil para a valorização da cultura amazônica, dentro e fora do Brasil.
“Produzir este projeto em Belém significa mobilizar e valorizar nossa cadeia produtiva cultural local. São mais de 80 profissionais da região envolvidos, entre artistas, técnicos, educadores e comunicadores. Como paraense, vejo a importância de realizarmos produções desta envergadura com mão de obra local: não é apenas sobre executar um espetáculo, mas sobre absorver metodologias, criar redes profissionais e demonstrar que Belém tem infraestrutura e capital humano qualificado para sediar projetos de alta complexidade. Essa experiência fica para nós como legado para futuras produções, somando-se ao conjunto das muitas produções com alto padrão técnico e artístico que podemos realizar e realizamos na Amazônia", afirma Joelle.
Serviço musical Águas da Amazônia
- Espetáculo: Águas da Amazônia – Rios e Povos
- Datas: 8 e 9 de outubro de 2025
- Local: Theatro da Paz – Belém/PA
- Direção artística: Natália Duarte
- Artistas convidados: Djuena Tikuna, Trio Manari e imagens de Daiara Tukano, Bu’u Kennedy, Wira Tini, Auá Mendes, Duhigo, entre outros (ex-Uakti)
- Ingressos: retirada dos ingressos a partir de 18h na bilheteria do Theatro nos dias do espetáculo
- Classificação indicativa: Livre
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Diversão e Arte
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