De graça

Elas assustam: veja mostra sobre cineastas na direção de filmes de terror

CCBB apresenta mostra Mestras do macabro, de graça, com 28 filmes dirigidos por mulheres de países variados

Cemitério maldito (1989) é um dos destaques da mostra no CCBB -  (crédito: Paramount)
Cemitério maldito (1989) é um dos destaques da mostra no CCBB - (crédito: Paramount)

A leitura de A filosofia do horror (de Noël Carroll) traz um bom entendimento para a matéria dos 28 filmes alinhados na mostra Mestras do macabro, a partir de hoje, com entrada franca, no CCBB. "Guerras, violência urbana, genocídios, catástrofes e assassinatos em massa fariam parte do que ele chama de 'horror real'", algo afastado do veio 'artístico', ficcional, presente na mostra", conta Beatriz Saldanha, idealizadora e curadora do evento que começa hoje (14/10), às 19h, com exibição de O cemitério maldito, de Mary Lambert.

Mesmo com a prevalência "artística", nada impede, entretanto, as inspirações em eventos reais (como a violência policial) demarcados em A lenda de Candyman (2021), de Nia DaCosta, e A fria luz do dia (1989), de Fhiona Louise. "Nesse último, há a representação crua da história real do assassino em série Dennis Nilsen, que matou homens gays, por cinco anos. Tratando de canibalismo, Mortos de fome (1999) é ambientado durante a guerra pelo território do Texas, entre EUA e México (século 19), e centrado em um grupo de soldados", conta a diretora.

Entre as diretoras com filmes dispostos na mostra, estão Claire Denis Julia Ducournau (vencedora da Palma de Ouro, em Cannes, por Titane) e Kathryn Bigelow (primeira diretora a vencer o Oscar na categoria). "Denis, por exemplo, terá Desejo e Obsessão (2001) mostrado. O filme diminui limites entre libido e corporalidades, num efeito estilístico, por meio de close-ups e uma câmera 'tátil'. Ducournau revela o interesse pela carne humana em Grave (2016). E há a genialidade em Quando chega a escuridão (1987), de Bigelow, que, na trama, traz um grupo de vampiros, símbolos de família tradicionalmente estruturada, e traz o olhar de esteta e a sagacidade, nas cenas de ação, perseguição e luta", conta Beatriz. Aspectos de masculinidade dão as caras em Psicopata americano (2000), por ênfase nos excessos, em que um personagem "transtornado por uma fantasia de poder", despreza mulheres, numa crescente "onda de misoginia".

O terror que inclui o patriarcado e a exploração do trabalhador integra o enredo de A sombra do pai, de Gabriela Amaral Almeida, com representação de "temas sociais", fator em comum com Medusa, que, segundo a curadora, "aborda o perigo que as mulheres correm em sociedades dominadas pela religião, com direitos tolhidos" e estímulo a embates. Noutros filmes, desponta o desejo feminino, como em Terminal Praia Grande (2019) e Sem seu sangue (2020).

Mestras do macabro

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CCBB (SCES, Trecho 2). Hoje (14/10), às 19h. Até 2 de novembro. Entrada franca.

 

 

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postado em 14/10/2025 10:52
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