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'Três Graças' é uma novela que fala sobre amor, esperança e justiça

Aguinaldo Silva retorna ao horário nobre, nesta segunda-feira (19/10), com "Três Graças", uma novela sobre mulheres fortes, desigualdades sociais e fé na humanidade. No elenco, nomes como Dira Paes, Sophie Charlotte, Murilo Benício, Grazi Massafera e Belo

Quanto vale uma vida? A nova novela das nove da TV Globo, Três Graças, que estreia nesta segunda-feira (19/10), promete fazer o público refletir sobre essa e outras perguntas fundamentais. Escrita por Aguinaldo Silva, Virgílio Silva e Zé Dassilva, com direção artística de Luiz Henrique Rios, a trama marca o retorno do consagrado autor de sucessos como Tieta (1989), A indomada (1997), Senhora do destino (2004) e Império (2014) ao horário nobre após seis anos, e traz de volta sua marca registrada: personagens femininas potentes, vilões inesquecíveis e uma história que equilibra emoção, mistério, crítica social e humor.

Ambientada em São Paulo, a novela apresenta a vida de Gerluce (Sophie Charlotte), moradora da comunidade fictícia Chacrinha. Mãe solo e filha de uma também mãe solo — Lígia (Dira Paes), que não contou com o apoio do pai da moça, Joaquim (Marcos Palmeira) —, Gerluce tenta impedir que a filha adolescente, Joélly (Alana Cabral), repita o destino das mulheres da família. O drama se intensifica quando a jovem engravida de Raul (Paulo Mendes), e a protagonista descobre que a mãe está gravemente doente — vítima de um esquema de falsificação de remédios comandado por Arminda (Grazi Massafera) e Santiago Ferette (Murilo Benício).

"Existe uma injustiça muito grave sendo cometida contra a comunidade dela, que está recebendo remédios falsos. E o que a Gerluce vai fazer com essa informação? Ela precisa cuidar da mãe, é esteio da família naquele momento. Ao mesmo tempo, é perigoso mexer com gente tão poderosa. Existe um desafio sobre como agir e quais caminhos seguir", salienta Sophie Charlote.


Fotos: Globo - Paulinho (Romulo Estrela): o mocinho da vez

Gravidez na adolescência

Dira Paes destaca o simbolismo da tríade feminina que dá nome à novela. "É um olhar para a mulher que alicerça uma casa, que dá chão para as outras gerações. E a gente sabe que, na estrutura da família brasileira, a mulher é esse alicerce", defende a veterana atriz. 

"Por ter crescido em um ambiente só de mulheres fortes, Joélly tem uma sagacidade e uma esperteza que lhe dão uma certa independência. Acredito que, por isso, ela toma decisões sozinha e não divide suas questões. Ao mesmo tempo, é extremamente sonhadora e romântica, acredita muito no amor", define a intérprete, Alana Cabral.  

Vencedor de dois Emmys, Aguinaldo Silva destaca que a trama fala de três mulheres que foram mães muito cedo, aos 15 anos, não tiveram apoio e foram à luta. "Elas levam uma vida muito parecida com a vida dos nossos espectadores: batalham, são otimistas e têm fé no futuro", define. "É uma ficção que tem o privilégio de se inspirar na realidade", completa.

Aguinaldo conta que a inspiração para a história surgiu há quase 20 anos, quando visitou uma maternidade pública durante as gravações de Duas caras (2007). "Percebi que a maioria das mulheres na fila eram meninas. Eram adolescentes grávidas, muitas sem qualquer apoio. Aquilo me marcou. Achei que um dia teria de escrever sobre elas — e assim nasceram as Três Graças."

Para Virgílio Silva, a força da novela está em seu olhar humano e otimista sobre as adversidades: "É uma história sobre pessoas que trabalham, enfrentam a vida com coragem e vão à luta. A mensagem essencial de Três Graças é que viver vale a pena, independentemente dos obstáculos." Seu parceiro Zé Dassilva completa: "Temos mocinhas imperfeitas e vilãs encantadoras, como nas grandes novelas populares, mas com um olhar de agora, conversando com o Brasil atual".

Globo/ Manoella Mello - Murilo Benício e Grazi Massafera: vilões crueis

Vilania e poder

Na outra ponta da trama está Arminda, a "dona cobra", uma mulher fria, arrogante e corrupta, que esconde segredos na mansão onde Gerluce trabalha como cuidadora de sua mãe, Josefa (Arlete Salles). "Arminda é uma vilã bem clássica, imoral. Ela tem um humor que beira o macabro. A relação com a família é tóxica, sem filtros", define Grazi.

É nesse mesmo casarão que Gerluce descobre uma escultura misteriosa: As Três Graças, obra neoclássica de valor milionário, usada pela vilã e seu cúmplice Ferette em esquemas ilegais. "A estátua guarda um segredo que vai ser revelado. Gerluce será a primeira a desconfiar de seu verdadeiro valor", antecipa Aguinaldo.

No centro desse esquema está Santiago Ferette, um falso benfeitor que se apresenta como homem acima de qualquer suspeita. Poderoso e respeitado, ele é referência no assistencialismo aos mais necessitados, recebendo homenagens pelo trabalho social da Fundação Ferette, da qual Rogério, o marido desaparecido de Arminda, era sócio. Por trás da fachada de filantropia, esconde um negócio milionário e criminoso: o dinheiro, guardado dentro da escultura As Três Graças, vem de um esquema de falsificação e revenda de medicamentos de alto custo, supostamente distribuídos a pessoas carentes.

Quando Arminda conta a Ferette que Gerluce entrou no quarto onde está a estátua, o empresário passa a perseguir a jovem. "A relação entre Ferette e Arminda existe há um tempo, e eles são parceiros de crime. Formam uma dupla muito ardilosa de vilões, carregada de segredos. Eles têm o rabo preso um com o outro justamente porque dividem esses segredos", analisa Murilo Benício, que reencontra o texto de Aguinaldo Silva 30 anos após estrear na tevê em uma obra dele, a novela Fera ferida (1994).

A fundação do vilão recebe verbas milionárias para adquirir medicamentos e entregá-los gratuitamente em suas farmácias. Porém, os remédios verdadeiros são revendidos no mercado clandestino por um valor abaixo da tabela, com pagamento em dinheiro vivo — daí as sacolas cheias de notas escondidas dentro da escultura. Para manter o disfarce, Ferette criou uma fábrica onde são produzidos placebos feitos de farinha que substituem os comprimidos reais.

Entre o caos e as injustiças, Gerluce encontra apoio no policial Paulinho Reitz (Romulo Estrela). "O Paulinho é um cara que vive para o trabalho, mas ao conhecer Gerluce redescobre a importância de viver, de olhar para si. Os dois têm um senso de justiça que os aproxima", explica o ator.

A mesma justiça que move o personagem Misael (Belo), morador da comunidade que perde a esposa por causa dos remédios falsos. "Misael é um homem leal e justo, que não se intimida diante dos poderosos, mesmo que isso o coloque em risco", define o cantor, agora em um dos papéis mais dramáticos de sua carreira.

Globo - Marcos Palmeira e Belo: parceria em cena

Um retrato do Brasil

Com cenas gravadas em bairros como Aclimação, Pinheiros, Freguesia do Ó e Pirituba, Três Graças busca mostrar uma São Paulo diversa e pulsante. "Queríamos evitar os pontos turísticos e revelar uma cidade diferente, com personalidade", explica o produtor Gustavo Rebelo.

Três Graças não se limita a um retrato realista. O diretor artístico Luiz Henrique Rios explica que o tom da produção é "um pouco acima da realidade". "É uma história intensa, com muita cor e vibração. Queremos emocionar e envolver o espectador com essa pulsação", afirma.

A ambientação na Brasilândia, usada como referência para a comunidade Chacrinha, contribuiu para o realismo da trama. Para Aguinaldo, a novela representa um retorno às origens do folhetim brasileiro: "É uma obra popular, de emoção, de gente que acorda cedo, pega ônibus, enfrenta a vida, mas continua acreditando no amor e na esperança. Esse é o Brasil que eu quero mostrar."

O elenco de Três Graças traz, ainda, Amaury Lorenzo, Andréia Horta, Juliano Cazarré, Pedro Novaes, Alanis Guillen, Samuel de Assis, Barbara Reis, Leandro Lima, Xamã, Enrique Diaz, Tulio Starling, Gabriela Lorran, Gabriela Medvedovsky, Rodrigo Garcia, Daphne Bozaski, Augusto Madeira, Juliana Alves, Mell Muzillo, Guthierry Sotero, Vini Teixeira, Pedro Ogata, além de marcar o retorno às novelas globais de Carla Marins, Fernanda Vasconcellos, Julio Rocha, Otávio Muller e Miguel Falabella. 

 


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