A programação do Cine Brasília do fim de semana celebra o Mês da Consciência Negra, com quatro filmes: Café com canela, de Ary Rosa e Glenda Nicário, Branco sai, preto fica, de Adirley Queirós, Temporada, de André Novais de Oliveira, e Marte 1, de Gabriel Martins. Os filmes compõem a mostra Tela Negra. Em dias de jogo do Brasil na Copa do Catar não haverá sessões.
A ideia que norteou a seleção dos filmes é apresentar obras recentes do cinema brasileiro, realizadas por diretores negros e com elenco também constituído por atrizes e atores negros. A única exceção é Branco sai, preto fica, de Adirley Queirós, mas que trata da discriminação racial de maneira frontal, a partir do lema das batidas policiais, explica Sérgio Moriconi, organizador da mostra Tela Negra e programador do Cine Brasília: "Branco sai e preto fica é um filme de guerrilha", comenta Moriconi. "Em nossa sociedade extremamene racista, nas batidas policiais, o branco sai, o preto fica, apanha e vai preso. Adirley circunscreve o filme na Ceilândia que é uma cidade marcada pela negritude e pela discriminação."
A mostra Tela Negra faz um minimapeamento da produção regionalizada sobre a temática racial. Branco sai e preto fica é de Brasília. Café com canela vem da Bahia, enquanto Temporada e Marte 1 são de Minas Gerais. Embora o Cinema Novo tenha tematizado as questões da negritude, só recentemente a produção cinematográfica brasileira colocou negros em primeiro plano na condição de diretores ou de atores protagonistas: "Surgiu uma geração de diretores jovens negros muito talentosos em Minas Gerais", observa Moriconi.
Os quatro filmes de Tela Negra projetam temas e olhares diversificados. Branco sai preto fica é uma crítica frontal à discriminação. Café com canela mostra a realidade dura dos negros sob a perspectiva da ancestralidade e da religiosidade. Apesar disso, o filme é perpassado de leveza e espirituosidade.
Temporada discute os dilemas da realidade dos negros no âmbito da própria família. Marte 1 expõe o impacto da eleição de um presidente de extrema direita sobre uma família de classe média baixa que vive tranquilamente às margens de uma grande cidade brasileira: "A mostra Tela Negra se propõe a contribuir com o debate sobre as temáticas relacionadas à negritude. Não podemos nós esquecer das cotas raciais, que permitiram aos negros frequentar as universidades. Essa geração de cineastas negros é fruto das políticas públicas de inclusão. Ela é completamente anti-Gilberto Freyre e antiteoria da mestiçagem. Surge um cinema de classe média baixa que discute classe e cor. Essa possibilidade de o negro pensar a própria condição é algo revolucionário dentro do cinema brasileiro".
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