Foi por conta do que a atriz Camila Guerra chama de "processo meio oracular" que ela se juntou a Rosanna Viegas e Juliana Drummond, todas da Agrupação Teatral Amacaca, o ATA criado por Hugo Rodas, para criar Se eu fosse eu (Clarices), em cartaz a partir de hoje no teatro da Caixa Cultural. O trio trabalhou três contos de Clarice Lispector para chegar ao resultado que o público pode conferir neste fim de semana. O ovo e a galinha, Perdoando Deus e Miss Algrave foram os pontos de partida para a dramaturgia, que também incluiu outros contos. "Virou uma dramaturgia costurada de vários momentos que a gente teve com a Clarice a partir desses contos e de alguns romances. E colocamos algumas coisas nossas também, de escritos nossos", explica Camila.
O projeto começou com laboratórios cênicos realizados na Casa abrigo da Ceilândia, em uma escola pública de São Sebastião e em outra da Estrutural. A ideia era divulgar a literatura de Clarice a partir de temas femininos que pudessem ser compartilhados. Sexualidade, aborto, maternidade e espiritualidade fazem parte desse universo. "O estímulo para entrar em contato com sua subjetividade que é um convite na obra de Clarice, um voo para dentro. Pedaços desses laboratórios entraram na dramaturgia. Então virou uma grande colagem de textos e a dramaturgia foi construída a partir desses contos", conta Camila.
O mergulho no inconsciente que deságua num incômodo existencial muito presente na obra de Clarice Lispector era o material que interessava às atrizes do ATA. Para elas, a sensação de identificação é comum quando o leitor se aventura na literatura da autora e transportar isso para o palco era um desafio. Camila diz que a ideia é fazer o público chegar à conclusão subjetiva do "sei do que ela está falando". "Clarice fala sobre nossas questões. É muito uma peça sobre mulheres e para mulheres", avisa a atriz.
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