Crítica

A sabedoria posta à prova: macacos dominam humanos, nas salas de cinema

Com reflexões sobre o desenvolvimento dos humanos e registro de catástrofe natural, 'Planeta dos macacos: o reinado' chega aos cinemas

Planeta dos macacos: o reinado -  (crédito:  20th Century Studios/Divulgação)
Planeta dos macacos: o reinado - (crédito: 20th Century Studios/Divulgação)

Crítica // Planeta dos macacos: o reinado ★ ★ ★ ★

"Dai a César o que é de César" de certa forma é uma vontade que impera, entre muitos dos personagens capazes de manter, mais do que um clã de macacos, como diz o antagonista Proximus César (Kevin Durand, numa presença vigorosa), um verdadeiro reinado de primatas. A premissa do roteiro de Josh Friedman (da série Foundation e dos longas Avatar: O caminho das águas e Dália Negra) é bastante simples: num efeito manada, povoando uma colônia, à beira-mar, macacos evoluídos, que viram os homens reivindicarem tudo para si (e falharem), vasculham vestígios dos conhecimentos que levaram à arrogância humana, fator que praticamente dizimou os homens, além de disseminar um vírus que potencializou a capacidade de chimpanzés, orangotangos e afins.

"Macacos, unidos, fortes" é uma repetição presente na boca dos personagens bastante observados pelo personagem central do filme de Wes Ball (da franquia Maze Runner): Noa (Owen Teague), o filho do respeitado ancião da aldeia, Koro, o macaco considerado o Mestre dos Pássaros. Depois de participar de rituais em torno de ovos de pássaros, mais especificamente águias, Noa, entre deslocamentos que confirmam a agilidade das lentes comandadas por Wes Ball, será embrenhado em dura jornada que inclui os amigos Soona (Lydia Peckham) e Anaya. O último se mostra algo medroso, em contraste com Noa, bastante empenhado em ser correto e acatar leis.

Atitudes bárbaras e golpes antecedem o registro de uma catástrofe natural que exigirá um plano de reconstrução — na comprovação de que o cinema, inexplicavelmente, tão estritamente se antecipa realidades. Abre-se brechas para a demonstração de misericórdia e solidariedade. Além da excepcional direção de arte a serviços das imagens de desastre (num clima à la O destino do Poseidon) o clima de uma antiga civilização (humana) esfacelada e, que atravessa ruínas, chamam a atenção, dentro do filme em que personagens ficam sem casas.

A entrada de Raka, um macaco espantado com a capacidade de os humanos guardarem ideias, em livros, faz muita diferença na trama que, por vezes, pende para os filmes do mestre da animação Hayao Miyazaki e o filme ainda faz citação à literatura crítica de Kurt Vonnegut. A riqueza da aventura estaciona, quando Noa alcança a figura de Trevathan (William H. Macy), um homem que propõe à adaptação, frente ao cenário das "coisas como eram". O filme — que traz a atriz Freya Allan no papel da misteriosa Nova — para além de reforçar a riqueza das tradições, ironiza a evolução dos humanos (que, segundo macacos, são chamados de "ecos" e "catam lixo") e talvez sejam capazes de serem "ensinados".

 

 

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postado em 10/05/2024 10:42 / atualizado em 10/05/2024 10:49
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