Crítica // Um dia todos nossos segredos serão revelados ★ ★ ★ ★
Uma carreira em ascensão é a da diretora Emily Atef, de Um dia..., que estreia no circuito. Além de dirigir dois episódios de Killing Eve: Dupla obsessão, ela concorreu, em 2022, na mostra Um Certo Olhar, do Festival de Cannes de 2022). No longa em cartaz, ela adapta obra de Daniela Krin (também profissional do cinema), num solar e campestre ambiente, no qual a protagonista Maria (Marlene Burow) testemunha a reunificação alemã, nos anos de 1990.
Ao mesmo tempo em que lê o clássico de Dostoiévski, Os irmãos Karamázov, Maria, perdida em termos de destino (que acendem debates com a visita de parentes do bloco capitalista), aposta no romance com o pueril candidato a fotógrafo Johannes (Cedric Eich). Os novos ares chegam, com a intensidade do desejo de Henner (Felix Kramer), vizinho e integrante da cooperativa da família de Johannes.
O filme, que competiu ao prêmio máximo no Festival de Berlim — numa edição em que despontaram fitas com teor sexual, como o longa do premiado diretor Christian Petzold, Afire, e ainda o filme sobre formulação do desejo, 20.000 espécies de abelhas —, em reflexões sobre a fragilidade masculina, reação a abusos do passado e, sem filtros, registra o ápice da sensualidade, com as ardentes visões de corpos e, sem apostar em apelação, cria climas de forte carga tensa, sobretudo com o emprego do silêncio. Uma pequena joia no circuito.
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