
E se Chiquinha Gonzaga desembarcasse no século 21 para conhecer a música feita nos dias de hoje? A violonista e jazzista Marlene Souza Lima acordou um dia com essa ideia e propôs ao dramaturgo Sérgio Maggio que criasse um espetáculo em torno do tema. Assim nasceu Chiquinha Gonzaga entre tempos - Um encontro musical, em cartaz nesta sexta-feira (24/10) e no sábado (25/10) na sala Martins Pena, no Teatro Nacional.
Com 11 músicas e uma banda formada exclusivamente por mulheres, o espetáculo tem como enredo uma espécie de conversa entre Chiquinha Gonzaga, vivida por Ana Elisa Santana, e o libretista Palhares Ribeiro, interpretado por Jones Schneider. "A Chiquinha vai falar um pouco do que ela passou na época", explica Marlene. "Ela foi uma grande incentivadora dos direitos autorais. Hoje, em época de streaming, a pessoa nem sabe como era feito o recolhimento de direitos autorais. Ela lutou muito para que o dinheiro fosse retornado para o compositor. Tem esse lado interessante, porque, à época que ela viveu, era uma mulher saindo para ganhar o pão com música. Uma coisa muito à frente. E o espetáculo fala sobre essa questão".
O espetáculo também é um encontro da compositora com o século 21. As músicas, que eram instrumentais, são interpretadas em ritmos surgidos ao longo do século 20, como a bossa nova, o samba, o funk e o rock. "A Chiquinha era uma mulher muito à frente de seu tempo, uma mulher na música, parda, desquitada. Se ela estivesse aqui, estaria no funk e em todas as representações porque tinha uma canção muito aberta. Então pensei que seria muito legal num espetáculo em que Chiquinha pudesse ver o que aconteceu com a MPB, com as mulheres", diz Marlene.

Diversão e Arte
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