Saneamento: seis projetos somam investimentos de quase R$ 46 bilhões

Cinco leilões devem ocorrer ainda este ano. Segundo a consultoria Deloitte, investidores da China, França, Espanha e Canadá estarão de olho nos resultados para avaliar futuros aportes

Simone Kafruni
postado em 26/08/2020 19:10
 (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
(crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O novo marco do saneamento, sancionado, porém ainda não regulamentado, tem potencial para destravar R$ 753 bilhões em investimentos, valor necessário para modernizar o setor a fim de atingir as metas de universalização impostas até 2033. As oportunidades são boas, sobretudo no Norte e Nordeste, e devem atrair investidores estrangeiros no médio prazo, garantiu Elias de Souza, sócio da consultoria Deloitte, em webinar promovida nesta quarta-feira (26/8). No entanto, ele alertou que os olhos internacionais estarão atentos aos primeiros leilões, que começam em setembro. Seis projetos somam injeção de recursos de R$ 45,9 bilhões.

“É possível alcançar a universalização dos serviços, porque o novo marco bate muito bem na questão de definir indicadores”, destacou Souza. Segundo a Deloitte, investidores da China, França, Espanha e Canadá certamente participarão dos investimentos. “Esses quatro virão, mas pode ter outros países. Porém, ainda estão estudando o mercado e devem ver os primeiros leilões antes de realmente entrarem no mercado”, afirmou Souza.

Segundo ele, nem só empresas privadas internacionais podem investir no país, mas também fundos soberanos e empresas estatais. “Há um universo de investidores decididos a vir para o Brasil”, assegurou.


Os primeiros leilões do setor de saneamento já estão agendados e devem atrair mais investidores nacionais, conforme Souza. O de Cariacica (ES) será em 14 de setembro com investimentos de R$ 1,3 bilhão. Dia 23 de setembro, a Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul (Sanesul) fará licitação para investimentos em coleta e tratamento de R$ 4 bilhões e, em 30 de setembro, é a vez da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), com estimativa de aportes de R$ 2,6 bilhões. No quarto trimestre do ano, estão previstos leilões da Caesa, do Amapá, (R$ 3,8 bilhões) e da Cedae, do Rio de Janeiro, com o investimento mais vultoso, de R$ 33 bilhões. No primeiro trimestre do ano que vem, a companhia do Acre, Depasa, fará leilão (R$ 1,2 bilhão).


Maturidade

Para o sócio da Deloitte, as regiões mais carentes são Norte e Nordeste, embora os investidores sempre olhem primeiro para Sudeste e Sul. “O novo marco do saneamento, além de atrair investimentos e novas tecnologias, trará maturidade ao setor e redução dos gastos com saúde. E também deve melhorar as regiões carentes”, disse. Sobre privatização, Souza ressaltou que espera primeiro concessões, parcerias público-privadas e contratos de gestão. “Não necessariamente a venda do ativo para a iniciativa privada”, disse.

Para atingir o potencial de R$ 753 bilhões de investimentos necessários para universalizar os serviços dentro do prazo, contudo, será necessário uma boa reestruturação, segundo Souza. “Vai ser na totalidade? Não, mas o privado tem formas de gestão mais eficientes do que aquelas empresas públicas deficitárias e com má gestão. Elas precisam do privado para atingir as metas”, ressaltou.

O consultor acredita que surgirão fusões e aquisições apenas no médio e longo prazos. “O investidor internacional não vai chegar investindo. Acredito que, primeiro, terá um movimento de consórcios. Mas nada impede que comprem parte das ações das empresas. Tudo isso, depois dos leilões, para ver como o setor se comporta”, reiterou. “Os investidores estrangeiros só devem aparecer no fim de 2021”, estimou.


Regulamentação

Souza acrescentou que ainda é necessária a regulamentação do novo marco do saneamento. “São muitos normativos legais envolvidos. Não é fácil mexer em tudo isso, com mais atribuições para Agência Nacional de Águas (ANA). Falta o decreto regulamentador para entender como as coisas vão ser feitas. Mas a vida não pode parar por causa disso”, comentou.

Indagado se os leilões que se aproximam podem ser afetados pela falta de regulamentação, disse que os projetos foram muito bem estruturados. “Houve apoio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e de consultorias, que olharam com lupa os projetos. Os contratos estão bem equilibrados. A regulamentação só vai ser complementar. A falta dela não impede que o investidor se interesse”, assegurou.

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