Mercado

Ibovespa segue Wall Street e fecha em queda de 1,17%

Desvalorização de ações de tecnologia refletiram no mercado americano e influenciaram desempenho da bolsa brasileira; dólar cai e vai a R$ 5,28

Israel Medeiros*
Fernanda Strickland
Jailson R. Sena*
postado em 03/09/2020 20:49
 (crédito: Divulgação/Semtran RJ)
(crédito: Divulgação/Semtran RJ)

Em dia de apresentação da reforma administrativa — uma das mais aguardadas da agenda econômica da pasta comandada por Paulo Guedes —, o índice Ibovespa apresentou nova queda, algo parecido com o movimento do dia anterior. Nesta quinta-feira (3/9), o recuo na bolsa de valores brasileira foi de 1,17% aos 100.721 pontos. A queda acompanhou o movimento das bolsas americanas. Por lá, o dia foi marcado por quedas expressivas no setor de tecnologia. A Nasdaq afundou 5% após vários meses de valorização de ações de gigantes como Apple, Google e Microsoft.

O índice Dow Jones também apresentou queda: 2,78%. Já o S&P 500 recuou 3,51%. Especialistas ouvidos pelo Correio, no entanto, não veem motivos claros para a desvalorização de ações em tecnologia. É o que explica Ivo Chermont, economista-chefe da Quantitas.

"Não ficou claro o que houve com setor de tecnologia dos EUA. Inclusive li relatórios que diziam que esse movimento não tinha nenhum catalisador. Em geral, o mercado tem dias de realização, isso acontece muito. Sem dúvida essa performance do S&P afetou, sim, nossa bolsa. Estávamos indo bem até a hora do almoço. Quando virou, nossa bolsa virou junto. Algumas ações nossa até conseguiram se sustentar", explicou.

Na última terça-feira (1º/9), o governo prometeu enviar o texto da reforma administrativa ao Congresso Nacional nesta quinta. A promessa foi cumprida. A proposta muda as regras do funcionalismo público e, caso seja aprovada, altera a estabilidade de novos servidores e acaba com o que o Ministério da Economia considera como privilégios. Isso não afetaria os atuais concursados. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou que quer aprovar a reforma ainda este ano.

Para Chermont, o mercado sabe que trata-se de uma reforma que não trará resultados para as contas públicas à curto prazo. "O mercado tem um entendimento de que não é uma reforma que vai ajudar a curto prazo, mas ela baliza certas coisas que são importantes para o médio e longo prazo. É necessário criar mecanismos que dêem racionalidade ao setor público. Se o governo pudesse enviar algo mais agressivo que trouxesse benefícios de curto prazo, ótimo. Acho que as finanças públicas estão precisando. Mas o mercado já esperava algo nessa direção", disse ele.

Já no câmbio, o dólar teve nova queda, seguindo a tendência dos dias anteriores. Com o recuo de 1,26%, a moeda encerrou o dia vendida a R$ 5,28. No ponto mais alto do dia, chegou a valer R$ 5,33. Ivo Chermont afirma que o dólar ainda está no modo descompressão de risco.

"Entre R$ 5,40 e R$ 5,60 é quando o mercado está mais estressado com algum tema fiscal, como foi a questão do teto de gastos e Paulo Guedes. Depois, Guedes se fortaleceu, a reforma administrativa apareceu e as coisas começaram a voltar ao lugar. Desta forma, o dólar vai normalizando e voltando para uma faixa próxima de R$ 5,30. Pode ser que caia para menos do que isso, algo até R$ 5,15", completou.

Para Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos, a repercussão dos dados da produção industrial brasileira em julho foi positiva. Segundo o IBGE, a alta foi de 8%. "Esse resultado superou a expectativa de uma pesquisa da Reuters, que apontava para 5,7%. Isso contribuiu para a baixa do dólar. Além disso, o risco político está mais fraco e perdendo força, algo que diminui o risco-país e leva algum otimismo aos investidores”, disse.


*Estagiários sob a supervisão de Vicente Nunes

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