Conjuntura

Um terço das empresas brasileiras ainda sofre com a pandemia

Dados do IBGE, incluídos na pesquisa Pulso Empresa, mostram que volume de negócios afetados pela covid-19 é, hoje, de 33,5%. Mas já foi de 70%

Marina Barbosa
postado em 01/10/2020 10:54
Empresas da construção civil ainda relatam sofrer efeitos negativos da pandemia. Pela pesquisa do IBGE, estariam entre as 40% mais afetadas -  (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 14/7/14)
Empresas da construção civil ainda relatam sofrer efeitos negativos da pandemia. Pela pesquisa do IBGE, estariam entre as 40% mais afetadas - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 14/7/14)

A pandemia de covid-19 ainda afeta negativamente o funcionamento de 33,5% das empresas brasileiras. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), contudo, já é possível observar uma melhora na percepção das empresas em relação aos impactos da crise sanitária. É que, em junho, o volume de negócios que apresentou dificuldades provenientes da infecção pelo novo coronavírus era bem maior: 70%.

Dados divulgados nesta quinta-feira (01), pelo IBGE, na pesquisa Pulso Empresa, mostram que essa melhora na percepção sobre o impacto da pandemia foi sentida por firmas de todos os portes e segmentos econômicos. Prova disso é que, nas pequenas empresas e nas do setor de serviços, as mais afetadas pelo novo coronavírus, o volume de negócios que segue refletindo os efeitos negativos: recuou de mais de 70% para cerca de 30%, entre junho e agosto.

A sondagem mostra ainda que 37,9% das companhias brasileiras dizem sofrer um impacto pequeno ou inexistente da pandemia, e 28,6% falam até que foram afetadas positivamente pela covid-19. Por outro lado, o volume das que relatam os efeitos negativos ainda beira os 40%, como na construção civil e no comércio, setores que são grandes geradores de empregos no país.

Coordenador de Pesquisas Conjunturais em Empresas, Flávio Magheli avalia que essa melhora de percepção é fruto da flexibilização do isolamento social e da retomada das atividades econômicas. Porém, lembra que o número de empresas que ainda sofrem algum efeito negativo da pandemia segue alto. Afinal, 33,5% de um universo de 3,43 milhões de empresas representam um total de 1,12 milhão de firmas.

"No início da pesquisa, há uma incidência forte de dificuldades na indústria, na construção, nos serviços e, principalmente, no comércio, devido à grande dependência dos pequenos negócios em relação às lojas físicas. Ao longo desses três meses, ocorreu uma retomada gradual, mas, no final de agosto, 33,5% das empresas ainda sinalizavam algum grau de dificuldade”, comentou Magheli.

O pesquisador também destacou que, na segunda quinzena de agosto, 32,9% das empresas ainda relataram diminuição nas vendas; 31,4% reclamaram de dificuldades na capacidade de fabricar produtos ou atender clientes; 46,8% tiveram dificuldade em acessar os fornecedores; e 40,3% em realizar pagamentos de rotina.

“Ao longo dessas seis quinzenas (três meses), a percepção das empresas melhorou, mas o efeito da diminuição sobre as vendas, redução na capacidade de fabricar produtos ou atender clientes, e as dificuldades em acessar fornecedores e insumos e realizar pagamentos, ainda faz parte da rotina das empresas”, frisou Magheli.

Além disso, a pesquisa Pulso Empresa aponta uma redução no número de companhias em funcionamento no país. Eram 4,07 milhões em junho e, agora, 3,43 milhões. Isto é: cerca de 640 mil empresas a menos, que podem ter fechado as portas durante a pandemia.

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