Uma semana depois aumentar em 4% o valor da gasolina, a Petrobras anunciou, nesta quinta-feira (15/10), que vai reduzir o preço do combustível nas refinarias no mesmo percentual. O corte de 4% no valor do litro passa a valer nesta sexta-feira (16/10). Não houve reajuste no diesel, que teve aumento de 5% na semana passada, nem no combustível marítimo (Dmar) que subiu 5,3% em 11 de outubro.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombustíveis-DF), Paulo Tavares, alertou, contudo, que sexta-feira (16/10) também aumenta a base de cálculo do Imposto Sobre Circulação de Mercadoria (ICMS) sobre a gasolina. “Vai ocorrer duas coisas: a redução de 4% que vai dar em torno de R$ 0,07 centavos e um aumento de R$ 0,20 centavos no ICMS. Então, nem vai dar para cobrir essa baixa. Isso porque a base de cálculo do ICMS sai de R$ 4,46 para R$ 4,68. O GDF (Governo do Distrito Federal) aumentou a arrecadação em R$ 0,20 para cada litro de gasolina vendido”, esclareceu.
O militar Ciro Ferreira, 47 anos, disse que, na prática, a variação do preço do combustível só é sentida quando há um aumento. “Quando é anunciado aumento, no outro dia você já sente na bomba. Quando a variação é para menos, você praticamente não percebe”, lamentou.
Ele contou que faz as contas dos gastos com gasolina e, sempre que possível, procura utilizar menos o carro. “Como eu tenho a possibilidade de trabalhar próximo à minha residência, eu faço um revezamento. Alguns dias eu vou até de bicicleta.” Ciro disse que, durante a pandemia, os gastos diminuíram, principalmente as despesas com transporte. Porém, lembrou que o custo do combustível é repassado para todos os outros setores. “Então, não muito o que fazer.”
Para o representante de vendas João Luiz de Souza, 31, a maior diferença no preço foi há um mês, quando o valor esteve mais baixo. Nos últimos dias, ele percebeu uma estabilidade. Como trabalha com vendas no setor agropecuário, João não conseguiu parar as atividades mesmo durante o período de pandemia. “No começo, fiquei mais tempo parado, entre março e abril. Isso ajudou no orçamento, mas agora o meu consumo voltou ao normal, pois ando na mesma rota”, contou.
Impacto
Segundo a Petrobras, os preços que pratica e suas variações para mais ou para menos são “associadas ao mercado internacional e à taxa de câmbio e têm influência bastante limitada sobre os preços percebidos pelos consumidores finais”. “O preço do diesel e da gasolina vendidos na bomba do posto revendedor é diferente do valor cobrado nas refinarias da Petrobras. Até chegar ao consumidor são acrescidos tributos federais e estaduais, custos para aquisição e mistura obrigatória de biocombustíveis pelas distribuidoras, além das margens brutas das companhias distribuidoras e dos postos revendedores de combustíveis”, justificou a estatal.
Desde janeiro de 2020, o preço médio da Petrobras acumula uma queda de 24,3% no preço do diesel vendido às distribuidoras e uma redução acumulada de 9,1% no caso da gasolina. Para se ter uma ideia, o preço médio da gasolina da Petrobras para as distribuidoras será de R$ 1,74 por litro após o reajuste. Entre julho e agosto, o preço médio da Petrobras correspondeu a cerca de 30% do preço final ao consumidor nos postos de combustíveis.
* Estagiários sob supervisão de Simone Kafruni
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