Conjuntura

"Não queremos perder a revolução digital", garante Guedes

Ministro volta a adotar discurso mais pragmático sobre "dançar com todo mundo", ao ser questionado sobre a vitória do democrata Joe Biden. Ele ainda admitiu que o país precisa de ajuda para preservar as florestas

Rosana Hessel
postado em 10/11/2020 14:57 / atualizado em 10/11/2020 15:52
Ministro não acredita que a mudança de governo nos EUA vá alterar profundamente as relações diplomáticas e comerciais com o Brasil -
Ministro não acredita que a mudança de governo nos EUA vá alterar profundamente as relações diplomáticas e comerciais com o Brasil -

O ministro Paulo Guedes voltou a demonstrar um pragmatismo maior do que o do presidente Jair Bolsonaro, em relação à vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. O chefe da equipe econômica reafirmou que o país entrou atrasado “no baile da globalização”, mas continua pretendendo “dançar com todo mundo” no processo de abertura da economia e de avanços tecnológicos em curso.

“Não queremos perder a revolução digital como perdemos a revolução industrial”, afirmou Guedes, nesta terça-feira (10/11), durante evento virtual da Bloomberg sobre mercados emergentes, fazendo referência à disputa para o fornecimento da tecnologia 5G entre Estados Unidos e China. Ele, inclusive, em meio às críticas de Biden à administração Bolsonaro na condução da área ambiental, admitiu que o governo brasileiro precisa de ajuda para preservar as florestas. Na campanha, o agora presidente eleito dos EUA cogitou criar um fundo de US$ 20 bilhões para preservação da região, mas ameaçou sanções no caso de o país não combater o desmatamento.

Ao contrário da maioria dos chefes de Estado e de governo, Bolsonaro ainda não cumprimentou o democrata, 46º presidente norte-americano. Além de Brasil, China, Coreia do Norte e Rússia são alguns países que ainda não se dirigiram a Biden. O ministro não fez comentários específicos ao democrata ou às contestações do presidente Donald Trump, que tenta reverter judicialmente o resultado que emerge das urnas. Guedes comparou que mais de 70 milhões de pessoas votaram nos EUA, assim como, no Brasil, 60 milhões de pessoas escolheram Bolsonaro e que esses votos precisam ser respeitados.

“É preciso respeitar os votos e ponto. Somos um grande país e continuamos emergentes. Os Estados Unidos são a maior economia do planeta e também uma democracia”, afirmou Guedes. Nesse sentido, afirmou que não acha que a mudança de governo deve afetar os “antigos relacionamentos”, levando em consideração quem gosta e quem não gosta de Trump. “É o que somos: uma democracia”, complementou.

"As visões de Bolsonaro devem ser respeitadas, assim como as de Biden. Se confirmada a eleição de Biden, não devemos ter problema algum. Não é uma personalidade aqui ou nos Estados Unidos que vai afetar a relação entre os países”, frisou.

Questão climática

Ao ser questionado sobre os impactos de um governo Biden e potenciais pressões sobre o Brasil em relação à questão climática, o ministro tentou fugir da resposta e fez uma comparação do país com o da entrevistadora, o Reino Unido, um dos “primeiros países a abrir mercado”. “Reino Unido, Brasil, Índia, Estados Unidos. Somos sociedades abertas”, disse, acrescentando: “O Brasil é uma sociedade aberta e uma flexível e resiliente democracia. Somos uma democracia liberal”.

Guedes tentou explicar, ainda, o argumento dos militares e do governo sobre a soberania da Amazônia. “Quando a gente se fala em soberania, é porque é nossa terra”, disse. Contudo, ele não descartou cooperação para proteger a floresta contra tráfico e mineração ilegal, por exemplo. “Basicamente, precisamos de ajuda para preservar. Estamos a um ano e meio no governo, mas a floresta vem queimando há mais de 30 anos”, justificou.

 

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