Alimentos

CNA: PIB do agronegócio deve crescer 9% em 2020 e 3% em 2021

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil espera que, com o aumento da oferta e a estabilização do câmbio, os preços dos alimentos parem de subir no próximo ano

Marina Barbosa
postado em 01/12/2020 13:21 / atualizado em 01/12/2020 13:22
 (crédito: Randy Fath / Unsplash)
(crédito: Randy Fath / Unsplash)

O agronegócio brasileiro não parou de produzir durante a pandemia de covid-19 e ainda tem sido beneficiado pelo aumento da demanda, doméstica e internacional, por alimentos. Por isso, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio deve crescer 9% deste ano. A projeção é da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que também espera altas em 2021, só que em um ritmo menor, de 3%.

Segundo a CNA, o agronegócio deve fechar este ano com um PIB de R$ 1,75 trilhão. O setor também projeta uma alta de 17,4% do Valor Bruto da Produção (VBP), a R$ 903 bilhões. E ressalta que, por isso, só não tem gerado mais empregos que a construção civil no Brasil: de janeiro a outubro, o agronegócio gerou 102,9 mil vagas formais no país.

"Estamos vivendo um momento anormal em todo o mundo. Mas a queda da economia brasileira foi menor do que estávamos esperando, principalmente por conta do setor agropecuário", comentou o presidente da CNA, João Martins. Ao apresentar as projeções da CNA nesta terça-feira (1º/12), ele lembrou que o mercado chegou a prever uma queda de 6,6% do PIB do Brasil neste ano no auge da pandemia, mas hoje projeta um baque de 4,5%.

O bom resultado do agronegócio em meio à pandemia de covid-19 é fruto de uma série de fatores. Entre eles, o reconhecimento de que esta é uma atividade essencial que não deveria parar na quarentena, o aumento da demanda por alimentos a nível nacional e internacional, e também o aumento do dólar, que favoreceu as exportações do agronegócio e elevou o lucro dos produtores.

"Tivemos o auxílio emergencial de R$ 322 bilhões, que é dez vezes mais que o Bolsa Família de R$ 33 bilhões por ano. Isso se reverteu em compras de alimentos, em itens básicos da cesta básica. E, com a pandemia, muitos países tiveram problemas de desabastecimento. Teve um forte incremento da demanda por conta das dificuldades de produção e dificuldades climáticas no mundo. E a desvalorização do câmbio, de 46,5%, de certa forma estimulou a exportação", explicou o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi.

De acordo com a CNA, as exportações do agronegócio bateram o recorde de US$ 85,8 bilhões entre janeiro e outubro deste ano. Isso significa que, de cada US$ 10 exportados pelo país US$ 5 são de produtos do agronegócio, como soja, carne, milho e açúcar. Por isso, as exportações do setor devem fechar o ano com um aumento de 5,7% em valor e de 12,4%, em volume. E a China será a grande impulsionadora desse aumento, pois já importou US$ 30,8 bilhões do agronegócio brasileiro neste ano.

Preços

Além de favorecer as exportações, o dólar alto, contudo, aumentou os custos da produção e os preços dos alimentos no mercado doméstico. A CNA reconheceu o problema, mas acredita que esse movimento de alta vai perder força em 2021, apesar de admitir que muitos preços não devem voltar ao nível pré-pandemia.

"No ano que vem, os preços vão continuar de certa forma elevados. Mas não vai ter tanto aumento, a produção vai crescer e a intensidade dos fatores que elevaram o preço neste ano vai diminuir, o que reduz a pressão", afirmou Bruno Lucchi.

O superintendente técnico da CNA explicou que o setor espera uma estabilização do câmbio. Essa estabilização, por sua vez, deve ocorrer na casa dos R$ 5,20 ou R$ 5,30, um patamar ainda elevado em relação ao câmbio do pré-pandemia. "Tira um pouco a pressão de alta, mas mantém patamares elevados", reconheceu.

Preço dos alimentos

Por outro lado, a CNA acredita que os fatores que pressionaram o preço dos alimentos neste ano devem ceder em 2021, como o aumento da demanda doméstica causada pelo auxílio emergencial. Além disso, o setor espera um incremento da oferta de alimentos.

A projeção para 2021 é de mais uma safa recorde, apesar do receio dos efeitos climáticos que podem ocorrer com o La Niña, já que muitos produtores têm aproveitado os ganhos deste ano para investir e ampliar a produção. "Vai ter um equilíbrio. A inflação não vai ser tão alta como foi, pontualmente, no início da pandemia", concluiu Lucchi.

Para 2021, a CNA projeta um crescimento de 3% do PIB do agronegócio e um aumento de 4,2% do Valor Bruto da Produção Agropecuária, além da continuidade das exportações. Lucchi observou que, se comparados ao crescimento estimado para este ano, os números mostram um desempenho robusto do setor.

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