Mercado

Com dólar em queda, Bolsa fecha em alta de 0,60%, a 123 mil pontos

Investidores aguardam os desdobramentos do processo de impeachment de Trump nos EUA e vêem com otimismo os anúncios sobre estímulos monetários previstos para esta semana

Israel Medeiros*
postado em 12/01/2021 20:25 / atualizado em 12/01/2021 20:26
 (crédito: Pixabay)
(crédito: Pixabay)

O índice Ibovespa fechou o pregão desta terça-feira (12/1) em alta de 0,60%, aos 123.998 pontos. Ao longo do dia, chegou a ultrapassar a marca dos 124.500 pontos. Na semana, a Bolsa acumula perdas de 0,89%. Já no acumulado do ano, a variação é positiva: um avanço de 4,19. O dólar, por sua vez, fechou o dia em queda de 3,28%, vendido a R$ 5,32. Para especialistas, contudo, a queda expressiva não foi causada por uma grande notícia ou intervenção por parte do Banco Central.

No mercado doméstico, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados consolidados da inflação em 2020. Segundo a entidade, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o ano com avanço de 4,52%, acima da meta de 4% prevista inicialmente para o período. O setor que mais puxou a inflação foi o de alimentos, com alta de 14,09%. Mesmo assim, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em sua última reunião, realizada em dezembro, demonstrou não estar tão preocupado com a evolução do índice.

Na ocasião, o Comitê optou por manter a taxa básica de juros (Selic) em 2% ao ano, o que foi feito também na reunião anterior. O forward guidance, no entanto, deve ser abandonado em breve, segundo comunicado pelo Copom. Isso pode significar uma alta na taxa nos próximos meses. O Boletim Focus, produzido pelo Banco Central com base em opiniões de especialistas do mercado financeiro, aposta na Selic em 3% ao ano ao fim de 2021. A próxima reunião do Comitê será nos dias 19 e 20 de janeiro.

Ricardo Campos, gestor da Reach Capital, explica que ao longo de 2020, as expectativas pela inflação eram abaixo do centro da meta, diante do recuo da atividade econômica global com a chegada da pandemia — o que deu espaço para que a Selic chegasse ao seu menor patamar na história.

"No segundo semestre, no entanto, com o impacto da depreciação cambial e o auxílio emergencial, a inflação prevista começou a acelerar para o centro da meta. A pressão inflacionária veio tanto do aumento do preço dos alimentos em dólar favorecendo a exportação, como da dificuldade produtiva devido às restrições impostas pelo governo para conter o avanço do novo coronavírus", afirma.

Já nos Estados Unidos, onde as notícias impactam diretamente o humor dos investidores de Bolsas em todo o mundo, os olhos estão voltados para o processo de pedido de impeachment do presidente Donald Trump. Após o republicano finalmente reconhecer sua derrota, depois da invasão ao Congresso americano, o mercado finalmente se viu aliviado em relação à transição do governo e está de olho nos estímulos econômicos prometidos pelo presidente eleito, o democrata Joe Biden.

Biden deve apresentar um plano de estímulos na próxima quinta-feira (14), o que tem animado os investidores, uma vez que o presidente eleito terá maioria tanto na Câmara quanto no Senado. Espera-se, por exemplo, que o "auxílio emergencial" americano passe de US$ 600 para US$ 2 mil. Mais estímulos significam mais investimentos e, no caso do Brasil, mais capital estrangeiro na Bolsa.

"A política fiscal expansionista deve ser a saída num contexto de juros próximos a zero. No entanto, a trajetória da dívida pública americana será o desafio após a pandemia, onde o indicador dívida/PIB deve chegar a 130%. Os títulos da dívida americana (treasury) já embutem um prêmio de risco maior que continua a subir em diversos vencimentos e pode mudar a lógica do mercado atual caso isso se torne um movimento grande", comenta Ricardo Campos.

Dólar

O dólar chegou a ser negociado a R$ 5,49 nesta terça-feira, mas sofreu queda e terminou em R$ 5,32, corrigindo a alta dos últimos dias. Para Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, não houve, no entanto, grande notícia que justificasse o recuo.

"O dólar foi o que mais chamou atenção nesta terça. Depois de disparar na primeira semana do ano, comprovando a força da faixa de R$ 5, a moeda sofreu uma forte correção nesta terça após flertar com os R$ 5,50 e sem uma notícia aparente ou mesmo uma forte intervenção do Banco Central", pontua.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

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