TRABALHO

Taxa de desemprego fica em 14,1%, a mais alta desde o início da série histórica

País tem 14 milhões de desocupados, 18,2% a mais que em 2019 (11,9 milhões), e 33,5 milhões de informais, ou 39,1% da população ocupada

Vera Batista
postado em 28/01/2021 10:10 / atualizado em 28/01/2021 10:44
 (crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)
(crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)

A taxa de desemprego foi de 14,1% no trimestre encerrado em novembro de 2020, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quinta-feira (28/1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE). A taxa foi a mais alta para esse trimestre móvel (setembro, outubro e novembro) desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012. Em relação ao trimestre encerrado em agosto (14,4%), o percentual ficou estável. Na comparação com o mesmo trimestre de 2019 (11,2%), a alta é de 2,9 pontos percentuais. O número de desempregados foi estimado em 14 milhões.

Mesmo com a alta no desemprego, o número de pessoas ocupadas aumentou 4,8% no trimestre e chegou a 85,6 milhões. São 3,9 milhões de pessoas a mais no mercado de trabalho em relação ao trimestre anterior. Com isso, o nível de ocupação subiu para 48,6%. Adriana Beringuy, analista da pesquisa, explica o motivo. “O crescimento da população ocupada é o maior de toda a série histórica. Isso mostra um avanço da ocupação após vários meses em que essa população esteve em queda. Essa expansão está ligada à volta ao mercado das pessoas que estavam fora por causa do isolamento social e ao aumento do processo de contratação do próprio período do ano, quando há tendência natural de crescimento da ocupação”, explica.

O aumento na ocupação ocorreu em nove dos 10 grupos de atividades analisados na pesquisa. Foi mais intenso no Comércio: mais 854 mil pessoas passaram a trabalhar no setor. “O Comércio nesse trimestre, assim como no mesmo período do ano anterior, foi o setor que mais absorveu as pessoas na ocupação, causando reflexos positivos para o trabalho com carteira no setor privado que, após vários meses de queda, mostra uma reação”, ressalta.

A Indústria Geral (4,4%, ou mais 465 mil pessoas) e Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (2,6%, ou mais 427 mil pessoas) também se destacaram no aumento da população ocupada.

“Além do Comércio, outras oito atividades econômicas investigadas pela pesquisa cresceram significativamente na ocupação, mostrando que esse processo de absorção de trabalhadores também avançou em outros setores, como Construção (8,4%, ou mais 457 mil pessoas), Transporte, armazenagem e correio (5,9%, ou mais 238 mil pessoas) e Alojamento e alimentação (10,8%, ou mais 400 mil pessoas)”, diz a pesquisadora. A maior parte do crescimento da ocupação veio novamente do mercado informal. Um exemplo é o número de empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada, que cresceu 11,2%, somando agora 9,7 milhões.

Com esse acréscimo, a taxa de informalidade chegou a 39,1% da população ocupada, o que representa 33,5 milhões de trabalhadores informais no país. No trimestre anterior, a taxa foi de 38%. “Os trabalhadores informais foram os mais afetados no começo da pandemia e também foram os que mais cedo retornaram a esse mercado. A população informal nesse mês de novembro corresponde a cerca de 62% do crescimento da ocupação total e, no trimestre encerrado em outubro, respondia por quase 89% da reação da ocupação. Então, a informalidade passa a ter uma participação menor em função da reação da carteira de trabalho assinada”, explica.

O número de empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada aumentou 3,1% (895 mil pessoas a mais) e agora soma 30 milhões. No mesmo período, a categoria dos trabalhadores domésticos aumentou 5,1% (são agora 4,8 milhões de pessoas). Também houve crescimento de 1,4 milhão de pessoas no contingente de trabalhadores por conta própria, que chegou a 22,9 milhões. No entanto, se comparado ao mesmo período de 2019, essa categoria perdeu 1,7 milhão de pessoas.

“Embora haja esse crescimento na ocupação nesse trimestre, quando a gente confronta a realidade de novembro de 2020 com o mercado de trabalho de novembro de 2019, as perdas na ocupação ainda são muito significativas”, afirma Beringuy, que ressalta que atividades como Alojamento e alimentação, Serviços domésticos e o próprio Comércio ainda acumulam perdas anuais relevantes.

O total de pessoas ocupadas no país caiu 9,4% na comparação com o trimestre encerrado em novembro de 2019, o que representa redução de 8,8 milhões de pessoas. “O avanço da ocupação é significativo, tanto em aspectos quantitativos quanto qualitativos, uma vez que vimos o crescimento da população com carteira assinada e a sua disseminação por diversas atividades. Mas a gente ainda está bem distante de um cenário pré-pandemia”, completa.

População fora da força

A Pnad Contínua também apontou que a população fora da força caiu 3,4%, com retração de 2,7 milhões de pessoas quando comparada com o trimestre anterior. Já em relação ao mesmo período de 2019, cresceu 17,3%, ou 11,3 milhões de pessoas a mais. Também houve redução na força de trabalho potencial (pessoas que não estavam nem ocupadas nem desocupadas, mas com potencial para se transformar em força de trabalho).

O grupo caiu 15,8% frente ao trimestre anterior, uma redução de 2,1 milhões de pessoas. Subgrupo de pessoas da força de trabalho potencial, os desalentados foram estimados em 5,7 milhões, estável em relação ao último trimestre. Se comparado ao mesmo trimestre de 2019, quando havia no país 4,7 milhões de pessoas desalentadas, houve um crescimento de 22,9%.

 

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