MERCADO

Com alta de 10% nas ações, Petrobras recupera R$ 28,9 bilhões em um dia

A empresa, contudo, ainda acumula uma queda de R$ 73,4 bilhões nos últimos três pregões, segundo a Economatica

Marina Barbosa
postado em 23/02/2021 21:16 / atualizado em 23/02/2021 21:17
 (crédito: Arquivo/Agência Brasil)
(crédito: Arquivo/Agência Brasil)

A Petrobras recuperou quase um terço da perda de R$ 100 bilhões registrada após a mudança na presidência da estatal. É que, depois desse baque histórico, as ações da empresa subiram mais de 10% nesta terça-feira (23/2), o que rendeu um ganho de R$ 28,9 bilhões em valor de mercado para a petroleira.

As ações preferenciais da Petrobras tiveram o melhor desempenho da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) nesta terça-feira, com alta de 12,17%. E as ações ordinárias também apresentaram forte alta, de 8,96%. Por isso, a petroleira terminou o pregão valendo cerca de R$ 309,5 bilhões, de acordo com a Economatica. São R$ 28,9 bilhões a mais que o registrado na segunda-feira (22/2), quando a empresa terminou o dia avaliada em R$ 280 bilhões.

A Economatica lembra, por sua vez, que a Petrobras ainda acumula uma queda de R$ 73,4 bilhões nos últimos três pregões. De acordo com a consultoria, a Petrobras valia R$ 382,9 bilhões até a última quinta-feira (18/2). Porém, perdeu R$ 28 bilhões na sexta (19/2) e mais R$ 74 bilhões na segunda-feira. Afinal, as ações da Petrobras despencaram mais de 20% depois que o presidente Jair Bolsonaro decidiu fazer mudanças no comando da empresa.

"O mercado precificou o risco de intervenção política na Petrobras, mas também em outras estatais ontem. Hoje, no entanto, maturou essas informações e percebeu que a reação foi um pouco exagerada. Por isso, os preços voltaram um pouco", explicou o head de produtos da Speed Invest, Caio Rodrigues. Ele diz, no entanto, que essa recuperação não só não reverte todas as perdas dos últimos dias, como pode ser passageira, já que o mercado continua de olho nos próximos passos da Petrobras.

Analistas ainda vão precificar, por exemplo, o posicionamento do Conselho de Administração da empresa, que se reuniu hoje para avaliar a decisão do governo de trocar o economista Roberto Castello Branco pelo general Joaquim Luna e Silva na presidência da empresa. Ainda há uma expectativa sobre o posicionamento que será adotado pelo militar em relação a temas sensíveis, como a política de preços da Petrobras, que busca paridade com os preços internacionais, mas incomoda o presidente Bolsonaro; e grupos como os caminhoneiros, já que implica em altas dos combustíveis em momentos de valorização do petróleo como o atual.

"O futuro ainda é extremamente incerto, pois uma interferência nessa política pode afetar a saúde financeira da empresa. Não repassar a variação do barril de petróleo e a variação cambial para o preço dos combustíveis terá um custo e alguém precisaria pagar essa conta. Por isso, é preciso aguardar os próximos passos", ressaltou Rodrigues.

Analistas dizem, então, que os papeis da Petrobras vão continuar sendo alvo de volatilidade até que essas questões fiquem claras, o que pode levar pelo menos um mês, já que este é o prazo para que o Conselho de Administração da empresa convoque a assembleia geral de acionistas que deve avaliar e ratificar a nomeação de Luna e Silva.

"Os próximos meses ainda serão de muita turbulência, com o mercado tentando entender o que significa o novo presidente da Petrobras. É preciso entender quão intervencionista ele pode ser e quanto ele vai mudar na empresa. Por isso, ainda haverá muitas incertezas e volatilidade", explicou a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto.

Por conta do risco de novas oscilações bruscas nas ações da Petrobras, a Reag só recomenda a compra dos papeis para os investidores mais arrojados. "Tem que ter estômago para entender o que vai acontecer", disse Simone.

Outras altas

A Eletrobras também apresentou forte alta nesta terça-feira, com o mercado precificando a decisão do governo federal de apresentar uma Medida Provisória (MP) que tenta destravar a privatização da empresa e abafar os ruídos sobre a ingerência política do presidente Bolsonaro nas estatais, a MP será levada ao Congresso Nacional nesta noite pelos ministros da Economia, Paulo Guedes; de Minas e Energia, Bento Albuquerque; e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. A alta da Eletrobras chegou a 13,01% nas ações ordinárias e a 8,96% nas preferenciais. Foi o segundo melhor resultado do pregão.

Outra estatal que vinha sendo sacrificada pelo temor de ingerências políticas que conseguiu uma recuperação nesta terça-feira foi o Banco do Brasil (BB). As ações do banco subiram 5,55% no pregão. E a conjunção dessas altas ajudou o Ibovespa a ter um dia positivo. O principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) 2,27%, aos 115.227 pontos, na contramão do mercado externo nesta terça-feira. Já o dólar fechou em queda de 0,24%, negociado a R$ 5,44.

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