Bancos

Caixa registra o maior lucro da história: R$ 10,8 bilhões no primeiro semestre

Mesmo com a redução das taxas de juros cobradas em diversas linhas de crédito, a instituição divulgou o maior resultado líquido da história. Carteira de crédito subiu 13,4%

Vera Batista
postado em 20/08/2021 06:00
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

A Caixa Econômica Federal divulgou lucro recorde de R$ 10,8 bilhões no primeiro semestre de 2021, o maior da história para o período, de acordo com a instituição, e 93,4% maior que igual semestre do ano passado. No primeiro trimestre, o banco público já havia divulgado resultado positivo de R$ 6,3 bilhões, com alta de 144,7% em relação ao mesmo período de 2020.

A instituição destacou, ainda, a transparência das contas. “Pela primeira vez nos últimos 10 anos, os três balanços pelos quais a Caixa é responsável foram publicados sem nenhuma ressalva (Caixa, FGTS e FI-FGTS)”, reforçou o banco.

Pelo Instagram, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, elogiou o desempenho de sua gestão: “Acabamos de publicar um lucro recorde para a Caixa. E tudo isso com as menores taxas de crédito do mercado. Em particular, no cheque especial, no rotativo do cartão de crédito, consignado e imobiliário. Como atingimos esse resultado? Sem corrupção, vendendo prédios, vendendo ativos não estratégicos, deixando de patrocinar clubes de futebol, deixando de gastar em publicidade o que não for necessário, emprestar para as menores empresas ao invés das grandes. Enfim, ser, de fato, o Banco de Todos os Brasileiros. E não só de alguns”.

O saldo da carteira de crédito total registrou crescimento de 13,4%, comparado a 2020, ao encerrar o segundo trimestre em R$ 816,3 bilhões. O saldo em poupança também apresentou evolução de 2,1% em 12 meses, chegando a R$ 371,4 bilhões.

Da mesma forma as contratações de crédito imobiliário, no total de R$ 37,4 bilhões, e crescimento de 101,3%, no período. O volume de contratações do agronegócio encerrou o semestre em R$ 5,8 bilhões, volume 79,3% superior ao de 2020. A Caixa também informou que foram contratados R$ 17,6 bilhões em crédito consignado, no segundo trimestre, ou 35,9% a mais que no primeiro trimestre de 2021.

E, de acordo com o balanço, os custos diminuíram. A economia estimada pelo banco público para o triênio de 2019 a 2021 está em R$ 333,6 milhões, com devolução de 133 imóveis administrativos, até junho. As despesas com pessoal também caíram — 0,6%, em 12 meses. A Caixa informou que a renegociação de aluguéis, atualizado a Valor Presente Líquido (VPL), possibilitou economia de R$ 4,2 bilhões. Já a devolução de imóveis (pelo VPL) representou economia de R$ 6 bilhões.

A Caixa divulgou, ainda, um plano de expansão, com inauguração prevista de 268 novas unidades — 168 para atendimento de clientes do varejo e 100 especializadas no agronegócio. E informou que a oferta pública inicial de ações (IPO) da Caixa Seguridade teve volume financeiro de R$ 5 bilhões, com a venda de 17,25% de ações a 150 mil investidores.

Além disso, cinco parcerias estratégicas foram concluídas com a empresa de seguridade, no valor total de R$ 9,8 bilhões. O desinvestimento do Banco Pan, que era controlado conjuntamente pela Caixa Participações S.A., gerou lucro líquido de R$ 2 bilhões.

"Houve corrupção em gestões anteriores"

Gestões passadas da Caixa Econômica Federal foram responsáveis por perdas econômicas de mais de R$ 46 bilhões, segundo o presidente da instituição, Pedro Guimarães. Cumprindo a promessa do governo de abrir “os custos da corrupção”, ele anunciou que as perdas foram descobertas durante investigações de empréstimos ou investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

“Foram R$ 46 bilhões em perdas econômicas geradas no passado e todas investigadas pelo Ministério Público e a Polícia Federal, que geraram prisões, delações e devolução de dinheiro por corrupção provada, e que não existe mais”, ressaltou Guimarães.

Os créditos “mal feitos”, explicou, ocorreram entre 2009 e 2015. “A cada semestre, continuamos realizando provisões por créditos mal feitos. Foram R$ 200 milhões (de provisões) no primeiro semestre de 2021”, reforçou Guimarães. Da perda total de R$ 46 bilhões, R$ 24,4 bilhões foram de investimentos pelo Fundo de Investimentos em Infraestrutura (FI-FGTS), com recursos dos trabalhadores, e R$ 22,1 bilhões com créditos concedidos pela Caixa entre 2009 e 2015.

Ele explicou que, na verdade, no FGTS, o investimento, no período, foi de R$ 32 bilhões, mas em consequência dos casos de corrupção investigados e da negociação pelo MP e pela PF, o valor atual ficou em R$ 7,6 bilhões — referentes a 25 ativos distribuídos no portfólio de ações e de dívidas do FI-FGTS e na carteira administrada pelo fundo.

“Eram ativos muito ruins e, por isso, geraram tanta investigação e gente presa”, ressaltou o presidente da Caixa, ao reforçar que as perdas econômicas por corrupção nas gestões passadas já foram provisionadas e não acarretarão mais risco futuro ao banco. “Não prevemos perdas futuras. Tivemos de provisionar R$ 5 bilhões no balanço”, argumentou. Guimarães divulgou, também, que, no segundo trimestre de 2021, foram pagas 114,1 milhões de parcelas do auxílio emergencial 2021 para 38 milhões de beneficiários, no montante de R$ 26,3 bilhões.

Na antecipação do abono salarial (PIS), no período, a Caixa distribuiu 725,5 mil benefícios, o que corresponde a R$ 473,7 milhões. As Loterias Caixa arrecadaram R$ 3,8 bilhões, 33,9% a mais que o apurado no segundo trimestre de 2020. Do valor, R$ 1,9 bilhão foi transferido aos programas sociais do governo nas áreas de seguridade social, esporte, cultura, segurança pública, educação e saúde — repasse de 50,5% do valor arrecadado —, apontou o balanço da Caixa.

 

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"Houve corrupção em gestões anteriores"

Gestões passadas da Caixa Econômica Federal foram responsáveis por perdas econômicas de mais de R$ 46 bilhões, segundo o presidente da instituição, Pedro Guimarães. Cumprindo a promessa do governo de abrir “os custos da corrupção”, ele anunciou que as perdas foram descobertas durante investigações de empréstimos ou investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “Foram R$ 46 bilhões em perdas econômicas geradas no passado e todas investigadas pelo Ministério Público e a Polícia Federal, que geraram prisões, delações e devolução de dinheiro por corrupção provada, e que não existe mais”, ressaltou Guimarães.

Os créditos “mal feitos”, explicou, ocorreram entre 2009 e 2015. “A cada semestre, continuamos realizando provisões por créditos mal feitos. Foram R$ 200 milhões (de provisões) no primeiro semestre de 2021”, reforçou Guimarães. Da perda total de R$ 46 bilhões, R$ 24,4 bilhões foram de investimentos pelo Fundo de Investimentos em Infraestrutura (FI-FGTS), com recursos dos trabalhadores, e R$ 22,1 bilhões com créditos concedidos pela Caixa entre 2009 e 2015. Ele explicou que, na verdade, no FGTS, o investimento, no período, foi de R$ 32 bilhões, mas em consequência dos casos de corrupção investigados e da negociação pelo MP e pela PF, o valor atual ficou em R$ 7,6 bilhões — referentes a 25 ativos distribuídos no portfólio de ações e de dívidas do FI-FGTS e na carteira administrada pelo fundo.

“Eram ativos muito ruins e, por isso, geraram tanta investigação e gente presa”, ressaltou o presidente da Caixa, ao reforçar que as perdas econômicas por corrupção nas gestões passadas já foram provisionadas e não acarretarão mais risco futuro ao banco. “Não prevemos perdas futuras. Tivemos de provisionar R$ 5 bilhões no balanço”, argumentou. Guimarães divulgou, também, que, no segundo trimestre de 2021, foram pagas 114,1 milhões de parcelas do auxílio emergencial 2021 para 38 milhões de beneficiários, no montante de R$ 26,3 bilhões.

Na antecipação do abono salarial (PIS), no período, a Caixa distribuiu 725,5 mil benefícios, o que corresponde a R$ 473,7 milhões. As Loterias Caixa arrecadaram R$ 3,8 bilhões, 33,9% a mais que o apurado no segundo trimestre de 2020. Do valor, R$ 1,9 bilhão foi transferido aos programas sociais do governo nas áreas de seguridade social, esporte, cultura, segurança pública, educação e saúde — repasse de 50,5% do valor arrecadado —, apontou o balanço da Caixa.(VB)

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