CRISE

BC: expectativas de inflação podem piorar ainda mais

Campos Neto vinha dizendo que o pico da inflação aconteceria em setembro e que, depois, haveria um recuo. Mas nesta sexta-feira (8/10), ele admitiu que o IPCA veio "um pouco melhor" do que o esperado, "mas pior do que nós pensávamos um mês atrás"

Vera Batista
postado em 09/10/2021 06:00
Para alguns analistas, a escalada da inflação pode levar o BC a acelerar a alta da taxa básica de juros para tentar segurar os preços -
Para alguns analistas, a escalada da inflação pode levar o BC a acelerar a alta da taxa básica de juros para tentar segurar os preços -

Quem já estava preocupado com a alta do custo de vida vai ter que se preparar para dias piores. Em evento on-line do Itaú, durante as reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que as expectativas de inflação podem piorar, devido aos reajustes no preço da gasolina, diante do anúncio da Petrobras de alta do combustível e do gás de cozinha em mais 7,2%, nas refinarias, a partir deste sábado.

“A inflação brasileira está muito alta, mas há países próximos do Brasil. As expectativas de inflação subiram bastante para 2021, e podem piorar por reajustes no preço de gasolina”, explicou Campos Neto. Também interferem nos índices os preços da energia que, lembrou o presidente do BC, crescem cada vez mais no mundo todo. “Mas, no Brasil, estão no topo”, disse.

Campos Neto vinha dizendo que o pico da inflação aconteceria em setembro e que, depois, haveria um recuo, para fechar o ano em 8,5%. No entanto, ontem, ele admitiu que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) veio “um pouco melhor” do que o esperado, “mas pior do que nós pensávamos um mês atrás”.

Juros

Para alguns analistas, a escalada da inflação pode levar o BC a acelerar a alta da taxa básica de juros para tentar segurar os preços. Porém, na avaliação de Daniel Xavier, economista do Banco ABC Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve manter o ritmo previsto para ajuste da Selic nos próximos meses.

“O comitê tem julgado que o ritmo atual de ajustes é o mais adequado nesta fase do ciclo monetário, ou seja, não pretende acelerar este passo”, avaliou. Ainda assim, Xavier afirma que não há garantia, uma vez que o BC tem reiterado que pretende levar o ajuste de juros onde for necessário para trazer o IPCA de volta à meta do governo.

A expectativa do Banco ABC Brasil é de que ocorram mais duas altas adicionais de 1%, nas reuniões de outubro e dezembro, conduzindo a Selic para 8,25% ao fim deste ano. E mais uma elevação adicional de 0,75% em fevereiro de 2022, levando a taxa para 9%.

Daniel Miraglia, economista chefe da Integral Group, afirma que não há muito o que a política monetária possa fazer na atual conjuntura. Ele observou que o controle da inflação por meio do ajuste de juros seria eficaz apenas em caso de demanda aquecida, que é o oposto do que devemos ver nos próximos meses. “Não faz sentido acelerar a alta curta dos juros, porque o crescimento econômico marginal já vai cair naturalmente por conta do choque de oferta”, destacou. (Colaborou Fernanda Fernandes)

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação