Carestia

Inflação de setembro é maior para as famílias mais pobres, indica Ipea

Índice foi de 1,3% no período para o segmento de menor renda e de 1,09% para famílias com rendimento mais alto. De acordo com o estudo, o grupo de habitação foi o que mais contribuiu para a alta inflacionária

Fernanda Strickland
postado em 15/10/2021 11:24 / atualizado em 15/10/2021 11:27

O Indicador de Inflação por Faixa de Renda apontou aceleração da taxa de inflação para todas as faixas de renda no mês de setembro. É o que mostra estudo divulgado, nesta sexta-feira (15/10), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A pesquisa revelou também que a inflação foi mais acentuada para as famílias de renda muito baixa (1,30%), comparativamente à apurada no grupo de renda mais elevada (1,09%).

De acordo com o estudo, o grupo de habitação foi o que mais contribuiu para a alta inflacionária das famílias dos três segmentos de menor rendimento em setembro. “Para essas famílias de renda muito baixa, os reajustes de 6,5% das tarifas de energia elétrica, de 3,9% do gás de botijão e de 1,1% dos artigos de limpeza foram os principais responsáveis pela alta do grupo habitação. Esse aumento responde por mais da metade da inflação para o segmento”, diz o texto.

A pesquisa observa que o segundo segmento que mais influenciou a inflação das famílias de menor renda foi o de alimentos em domicílio, puxados especialmente pelo aumento das frutas (5,4%), das aves e ovos (4,0%) e dos leites e derivados (1,6%). “Já para as três faixas de renda mais alta, assim como ocorreu em agosto, o maior impacto partiu do grupo de transportes. A alta inflacionária desse segmento foi influenciada pelos reajustes de 2,3% da gasolina, de 28,2% das passagens aéreas e de 9,2% dos transportes por aplicativo”, explica.

O estudo mostra que apesar de a inflação em setembro de 2021 ter ficado acima da registrada no mesmo mês de 2020, para todas as classes de renda pesquisadas, o diferencial entre as taxas foi, novamente, maior para as famílias de renda mais alta. “As deflações observadas nos planos de saúde (-2,3%) e em serviços pessoais e de recreação, como cabeleireiro (-0,37%) e hospedagem (-0,47%), impactados pelas medidas de restrição social, bem como os aumentos menos intensos em itens de maior peso da cesta de consumo, como gasolina (1,9%) e passagens aéreas (6,4%), explicam o desempenho melhor da inflação, no ano passado, nessa faixa que concentra os maiores rendimentos”, comenta.

Conforme o estudo, para as famílias de menor renda, apesar da alta bem mais intensa dos alimentos no domicílio em setembro de 2020, especialmente do arroz (18%), feijão (4,3%), carnes (4,5%) e óleo de soja (27,5%), o desempenho mais benevolente da energia elétrica (0,07%), do gás de botijão (1,6%), dos aluguéis (0,11%) e dos artigos de higiene (0,20%), no ano passado, explicam essa taxa de inflação mais amena.

Acumulado no ano

Os dados acumulados nos últimos 12 meses revelam que, embora a pressão inflacionária tenha acelerado para todas as faixas de renda, a inflação acumulada nas famílias de renda mais baixa (11%) é 2,1 pontos percentuais maior do que a registrada na classe de renda mais alta (8,9%).

Para as famílias de renda muito baixa, os dados revelam que, além dos aumentos nos preços dos alimentos no domicílio, como carnes (24,9%), aves e ovos (26,3%) e leite e derivados (9,0%), os reajustes de 28,8% da energia e de 34,7% do gás de botijão explicam grande parte da alta inflacionária nos últimos 12 meses.

“Para as famílias com maiores rendimentos, a inflação acumulada no período é impactada, sobretudo, pelas variações de 42,0% dos combustíveis, de 56,8% das passagens aéreas, de 14,1% dos transportes por aplicativo e de 11,5% dos aparelhos eletroeletrônicos”, afirma o estudo. 

https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2021/08/4946942-tarifa-extra-da-conta-de-luz-sobe-para-rs-1420-a-partir-de-setembro.html

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