PETROBRAS

Bolsonaro afirma que privatização da Petrobras "entrou no radar"

Presidente disse, contudo, que o processo de privatização seria uma "complicação enorme. "Não sou o malvado, não quero que aumente combustível", sustentou, ao voltar a dizer que não tem culpa pela alta da gasolina

Israel Medeiros
postado em 25/10/2021 12:03 / atualizado em 25/10/2021 12:21
 (crédito: Reprodução/Facebook)
(crédito: Reprodução/Facebook)

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta segunda-feira (25/10) que a privatização da Petrobras entrou no radar do governo, mas alegou que o processo é complicado e que nada mudaria quando se fala em monopólio e preços.

"Quando se fala em privatização da Petrobras, isso entrou no nosso radar, mas privatizar qualquer empresa não é, como alguns pensam, pegar a empresa, botar na prateleira e, amanhã, quem der mais leva embora. É uma complicação enorme. Ainda mais quando se fala em combustível. Se você tirar o monopólio do Estado e colocar na mão de uma pessoa apenas fica a mesma coisa, talvez até pior", afirmou, em entrevista a uma rádio de Três Lagoas (MS).

Ao falar sobre a alta nos preços dos combustíveis, ele sustentou que os reajustes da Petrobras são uma realidade e que o preço do combustível está alto em razão do preço do dólar e do barril de petróleo, e não porque ele é o “malvado”.

“Vem reajuste do combustível? Vem. Eu gostaria que não viesse. Mas como disse agora há pouco, tem o preço do petróleo lá fora, o barril, e vê aqui como é que está o dólar aqui dentro”, ressaltou o presidente, que também criticou a incidência de ICMS sobre os combustíveis e disse quem ganha com o atual modelo são os governadores.

“Quando se fala em aumento de combustível, isso aí é uma correia de transmissão para a inflação. Tudo sobe. Agora, eu não sou o malvado, não quero aumento de combustível, mas é uma realidade. O mundo todo está sofrendo com a economia com esse pós-pandemia. É uma realidade e temos que enfrentar”, continuou Bolsonaro.

Durante sua fala, o chefe do Executivo negou que seja o responsável pelo aumento, mas não falou sobre a política de preços da Petrobras. “‘Ah, o combustível está caro por causa do Bolsonaro’. Vamos procurar saber o que compõe o preço da bomba de combustível de vocês aí em Três Lagoas. Quanto a gasolina sai lá da Petrobras, o álcool da refinaria e o preço final. Chega três vezes mais caro que o preço na origem. Esses dois terços outros, qual a composição deles? É um direito reclamar, isso se chama liberdade de expressão, mas vamos criticar com razão”, argumentou.

O dólar e o valor do petróleo no mercado internacional são os principais fatores que determinam o preço dos combustíveis nas bombas do país, já que, desde 2016, a Petrobras utiliza o modelo de paridade com o exterior.

Ou seja, quando o barril do petróleo sobe, o preço também sobe no Brasil. Já que as negociações são feitas em dólar, quando o câmbio está depreciado, fica mais caro negociar. A exemplo do que ocorre com a energia elétrica, por exemplo, quando há um aumento, a inflação também cresce, pois a indústria nacional e o comércio dependem tanto de energia quanto de combustível para manter suas atividades.

Componente político

Um dos problemas envolvendo Bolsonaro e a alta no preço dos combustíveis está no componente político. A recente disparada do dólar, segundo analistas ouvidos pelo Correio, ocorreu porque o governo não adotou políticas macroeconômicas efetivas para tentar driblar a crise, e acreditou que o mercado se autorregularia. Soma-se a isso a instabilidade política criada por Bolsonaro, que recentemente esteve em uma guerra aberta contra o Judiciário e na crise envolvendo o teto de gastos, que deixa investidores estrangeiros apreensivos e causa fuga de capital e depreciação do Real.

Nesta segunda, contudo, o presidente voltou a culpar as medidas de restrição em razão da pandemia pelo mau desempenho da economia. “A gente faz o possível aqui no Brasil. Se não fossem as medidas tomadas por nós, lá em 2019, liberdade econômica, entre tantas outras, ajudamos a desburocratizar, desregulamentar a economia, quando veio 2020 e o vírus entrou para valer em março, a queda na economia seria muito maior. Estamos pagando um preço caro pelo ‘fique em casa, a economia a gente vê depois’”, disparou.

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