Energia elétrica

Brasil perderá R$ 8,2 bi com alta no preço da energia em 2021, diz CNI

Segundo o estudo "Impacto econômico do aumento no preço da energia elétrica", alto custo da energia elétrica também terá impacto econômico negativo em 2022, com queda no PIB, redução do emprego, do consumo das famílias, das exportações e aumento da inflaç

João Vitor Tavarez*
postado em 03/11/2021 18:50
 (crédito: Reprodução/Internet)
(crédito: Reprodução/Internet)

aumento no preço da conta de luz vai resultar em uma queda de R$ 8,2 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2021. Para 2022, a perda é estimada em R$ 14,2 bilhões. As informações vêm do estudo “Impacto econômico do aumento no preço da energia elétrica”, divulgado nesta quarta-feira (3/11) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A CNI também prevê impacto nas seguintes áreas em 2021:

  • Redução de R$ 7 bilhões no consumo das famílias
  • Perdas equivalentes a R$ 2,9 bilhões nas exportações 
  • Menos 166 mil vagas empregos

Para 2022, conforme a confederação, são estimados 290 mil postos de trabalho a menos (em relação a abril e junho de 2021); R$ 12,1 bilhões de redução no consumo de famílias; 0,41% de aumento no preço às famílias; e queda de R$ 5,2 bilhões nas exportações.

Os dados apontam que o PIB Industrial (indústrias extrativa e de transformação, serviços industriais de utilidade pública e construção) reduziria em R$ 2,2 bilhões, caso não houvesse aumento no custo da energia elétrica. Em relação ao PIB da indústria da transformação, ele ficará R$ 1,2 bilhão menor neste ano. Uma das principais causas é a escassez hídrica no país.

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, lembrou que a crise é provocada pelo baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, o que limita a geração de energia mais barata obrigando, assim, o uso das termelétricas: mais caras. Além disso, a elevada tarifa da energia elétrica é outro fator que pesa. Isso porque há cerca de 16 encargos, impostos e taxas setoriais, incorporados à fatura de luz. Conforme a CNI, isso representa 47% da tarifa de energia elétrica.

“O alto custo dos impostos e dos encargos setoriais e os erros regulatórios tornaram a energia elétrica paga pela indústria uma das mais caras do mundo, o que nos preocupa muito, pois a energia elétrica é um dos principais insumos da indústria brasileira. Essa elevação do custo de geração de energia é repassada aos consumidores, com impactos bastante negativos sobre a economia”, explicou Robson Braga de Andrade.

No relatório, a CNI explica ainda que os tributos e encargos são parcelas significativas no valor da tarifa de energia. “Eles incidem como um percentual sobre os demais custos. Desse modo, quando o custo de geração sobe, os encargos proporcionais sobem também, reforçando a alta no preço ao consumidor”, informa o estudo.

Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), reproduzidos pela CNI, os tributos representam a maior fatia da composição tarifária de energia elétrica para o mercado cativo (residências e pequenas empresas): 30,7%. Logo atrás está o custo de energia (27,9%) e o custo de distribuição (21,2%).

Reservatórios

Os reservatórios das hidrelétricas da região Sudeste/Centro-Oeste representam cerca de 70% da capacidade de armazenamento do Brasil. Razão pela qual são chamados de “caixas d’água” do sistema elétrico. Porém, entre setembro de 2020 e abril de 2021, as bacias alcançaram apenas 34,69% da capacidade. O índice é apontado como o de pior afluência hídrica dos últimos 91 anos.

“Diante do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas há necessidade de manejar o uso da água entre geração de energia elétrica, transporte aquaviário, irrigação, fornecimento para uso humano, entre outros. Com isso, as fontes de energia mais caras começam a ser acionadas com maior frequência e por períodos prolongados, aumentando o custo médio de geração e, consequentemente, o preço da energia aos consumidores”, afirma a CNI.

*Estagiário sob supervisão de  Andreia Castro

 

 

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