MERCOSUL

Guedes defende modernização do Mercosul: 'Passa pela dimensão tarifária'

Ministro critica "arranjos obsoletos" e diz que avanço no comércio eletrônico e acordo para redução tarifária são as principais ferramentas para melhorar a integração com a economia global

O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender a revisão de arranjos obsoletos do Mercosul para a modernização do bloco. Ele reforçou que a revisão do acordo tarifário e o comércio eletrônico podem ser ferramentas para melhorar a integração do grupo composto por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai com a economia global de forma mais competitiva. Ele participou nesta segunda-feira (8/11) da abertura do seminário “Mercado Digital Regional”, organizado pela presidência pro tempore brasileira do Mercosul em parceria com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe ou Comissão Económica para a América Latina (Cepal), órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU).

“Manter o Mercosul relevante para o Brasil depende justamente da sua capacidade de resposta às oportunidades de mercado que existem e à necessidade de reforma. A modernização para dentro, revendo arranjo obsoletos, e a relação do nosso próprio bloco Mercosul com a economia global, por meio de novos acordos, são essenciais”, afirmou Guedes.

“Então, a integração do mercado digital regional é fundamental nesse processo”, emendou o ministro em referência ao tema do seminário virtual.

Durante o breve discurso, ele também classificou as negociações para a redução da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul como um caminho “na direção correta de modernização”. Na última sexta-feira (5), o governo brasileiro anunciou a redução temporária do Imposto de Importação em 10% para 87% das linhas tarifárias até dezembro de 2022, em uma antecipação do acordo com os demais países do bloco para que a medida seja permanente.

“A modernização do Mercosul passa pela dimensão tarifária. É importante ter acesso às necessidades internas de forma reduzir custos. Tivemos a colaboração dos nossos parceiros, ainda que temporário. Estamos indo na direção correta de modernização”, completou.

Integração

Para o ministro, apesar de o Mercosul ter sido pioneiro na integração da economia global, se antecipando aos grandes acordos comerciais, como União Europeia e Aliança do Pacífico, o bloco acabou perdendo a primeira oportunidade de integração competitiva. E, agora, tem uma segunda chance. “Temos a oportunidade de relançamento das nossas plataformas. Temos oportunidade de modernização do Mercosul e temos que incluir essa pegada digital que transforma o nosso mercado e o nosso mundo moderno”, reforçou.

Na avaliação do ministro, a economia digital “tem enorme potencial de crescimento”, uma vez que o Brasil é o quarto maior mercado digital do mundo. “O país registrou R$ 35 bilhões em vendas eletrônicas de janeiro a março, aumento de 70% em relação ao mesmo período do ano passado. Estamos saindo da pandemia e continua acelerando o crescimento dessa dimensão digital. Temos empresas do varejo convencional entrando e, desde abril, temos acordo sobre transações no Mercosul”, enumerou.

De acordo com o chefe da Economia, o Brasil possui 115 milhões de pessoas cadastradas na plataforma Gov.br e, por conta disso, é líder, nas Américas, no índice de maturidade digital do Banco Mundial. O ministro ainda reforçou os avanços do Portal Único do comércio exterior, que registrou avanços anteriores ao governo atual, na gestão do ex-presidente Michel Temer. Guedes citou que, com esse portal integrando digitalmente operações aduaneiras, o tempo médio de desembaraço para as importações passou de 17 para 9 dias e, para as exportações, de 13 para 5 dias. Isso significou "R$ 30 bilhões de economia ao ano, tanto para exportadores quanto para importadores”, segundo ele.

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